Nova linhagem viral causou surto de febre Oropouche em 2024, aponta pesquisa da Fiocruz publicada na revista Nature Medicine.

Um estudo liderado pela renomada Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que o surto de febre Oropouche em 2024 teve início devido a uma nova linhagem viral que surgiu na Região Amazônica. De acordo com os resultados da pesquisa, publicados em um artigo revisado por pares e aceito na revista científica internacional Nature Medicine, a nova linhagem viral, denominada OROV BR-2015-2024, foi responsável pelo aumento repentino de casos da doença nos primeiros meses daquele ano.

O alerta epidemiológico foi emitido no Amazonas após constatarem um crescimento alarmante nas ocorrências, que logo se espalharam por todo o país. Ressalta-se que autoridades sanitárias já vinham monitorando com maior atenção os dados referentes aos anos anteriores, o que possibilitou uma resposta mais ágil diante do surto.

A pesquisa da Fiocruz envolveu o sequenciamento do genoma de vírus relacionados a 382 casos registrados em quatro estados da Região Norte. A análise revelou que a nova linhagem do vírus da febre Oropouche surgiu entre 2010 e 2014 no estado do Amazonas, resultado de um rearranjo genético entre cepas brasileiras e de países vizinhos, como Peru, Colômbia e Equador.

Os cientistas alertam que a nova linhagem apresenta alterações na superfície viral que podem facilitar a evasão do sistema imunológico, diminuindo a eficácia da proteção conferida por infecções anteriores. Além disso, estudos indicam que a nova cepa se replica mais rapidamente do que a linhagem original, isolada na década de 1960.

A disseminação da febre Oropouche foi atribuída à combinação de fatores, incluindo deslocamento de vetores e de seres humanos infectados. Os pesquisadores ressaltam a influência das mudanças climáticas e do desmatamento na região amazônica como possíveis catalisadores para a propagação da doença. O estudo apontou que a transmissão da febre Oropouche apresenta um padrão sazonal, com maior disseminação durante as estações chuvosas.

Por fim, o estudo mobilizou diversas unidades da Fiocruz em todo o país, bem como a colaboração de instituições científicas e órgãos públicos. A pesquisa destaca a importância da vigilância epidemiológica e do controle de vetores na prevenção de futuros surtos da febre Oropouche.

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