Propostas para mulheres e negros nos planos de governo dos candidatos à Prefeitura de São Paulo

As propostas voltadas para mulheres e negros são temas pouco explorados nos planos de governo dos principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. Os programas de Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) são os que mais detalham ações relacionadas a essas temáticas, enquanto Pablo Marçal (PRTB) e Marina Helena (Novo) são os que menos abordam o assunto, de forma superficial. Ricardo Nunes (MDB) e José Luiz Datena (PSDB) apresentam propostas tímidas nesses aspectos.

No que diz respeito ao gênero, os planos mais focados no tema são os das candidatas mulheres. O plano de Tabata é o mais abrangente, enquanto o de Marina Helena não menciona a questão. De maneira geral, as propostas abordam a violência contra a mulher e ações voltadas para a saúde feminina.

Na questão da pauta antirracista, o destaque está na efetiva implementação do ensino de história e cultura afro-brasileira no currículo escolar, presente nos planos de Boulos, Nunes e Datena.

Tanto Tabata quanto Boulos prometem paridade de gênero no secretariado, com propostas como a criação de centros de cuidado para mães e filhos, serviços voltados a cuidadoras, ampliação do atendimento a vítimas de violência e fortalecimento de políticas públicas de saúde. Tabata também promete a recriação da Secretaria Municipal da Mulher, além de outras medidas como a distribuição de absorventes nas escolas e a criação de uma linha de cuidado para identificar precocemente a endometriose.

Eva Blay, socióloga especialista em políticas públicas para mulheres, destaca o plano de Tabata como o mais robusto quando se trata da questão de gênero, enfatizando a importância de incentivar discussões sobre gênero e sexualidade nas escolas e aprimorar os serviços de saúde voltados para as mulheres.

No que se refere às políticas para a população negra, Boulos e Tabata apresentam planos mais detalhados, com destaque para a criação de medidas de combate ao racismo e à violência contra a juventude negra. Monica Abrantes Galindo, professora da Unesp, ressalta que os planos apresentam uma abordagem superficial da temática antirracista, com destaque para as propostas de Nunes em fortalecer programas de empregabilidade para grupos vulneráveis, incluindo a população negra.

Em relação à diversidade e inclusão, Datena destaca a importância de tornar São Paulo a “capital antirracista e da diversidade”, porém com poucos detalhes sobre as ações concretas para alcançar esse objetivo. Já Marçal e Marina Helena não abordam a questão da população negra em seus programas, apesar de Marçal destacar a presença de sua vice, a policial militar Antônia de Jesus, como uma representação da diversidade racial.

Em resumo, as propostas dos candidatos à Prefeitura de São Paulo evidenciam a necessidade de maior atenção e detalhamento em relação às políticas para mulheres e negros, visando a promoção da igualdade, da inclusão e do combate ao preconceito e à discriminação.