Pesquisa revela que brasileiros se endividam para apostar em ‘bets’ e financiam jogos com empréstimos bancários

Impacto das apostas esportivas no endividamento dos brasileiros

Uma pesquisa realizada pela fintech Klavi revelou dados alarmantes sobre o mercado de apostas esportivas no Brasil. O estudo apontou que 30% dos apostadores brasileiros já recorreram a empréstimos nos últimos 12 meses para financiar suas apostas em sites de ‘bets’, o que pode elevar significativamente o endividamento da população, especialmente dos mais pobres.

Para realizar a pesquisa, a Klavi analisou o comportamento de crédito de 5 mil clientes no país, investigando o uso de sites de apostas e jogos de azar por meio de aplicativos. A fintech utilizou seu banco de dados e informações via Open Finance para coletar dados anonimamente, verificando extratos bancários, gastos com apostas e pagamentos feitos a empresas de ‘bets’.

De acordo com o levantamento, os apostadores apresentam diferentes perfis de aposta. Entre aqueles que recorreram a empréstimos, o gasto médio por pessoa foi de R$ 1.113,09, podendo chegar a valores ainda mais elevados, como R$ 4 mil ou até mais de R$ 50 mil em casos extremos.

O presidente e fundador da Klavi, Bruno Chan, em entrevista ao Estadão, destacou a importância de compreender o impacto das apostas online nas finanças dos clientes e como esse comportamento afeta a análise de crédito das instituições financeiras. Ele ressaltou a necessidade de mudanças no cenário atual, com a expectativa de que a proibição de empresas não regularizadas de operar a partir de 1º de outubro traga melhorias nesse sentido.

Segundo a consultoria Strategy & Brasil, da PwC, o mercado de apostas online movimenta cerca de R$ 100 bilhões no Brasil, representando quase 1% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse montante tem impacto no consumo e interfere na dinâmica do varejo doméstico, levando a preocupações em relação ao endividamento e inadimplência da população.

O perfil dos apostadores revelou que a maioria dos tomadores de empréstimos são homens, com idade entre 35 e 49 anos e residentes na região Sudeste. Em relação à renda, a pesquisa mostrou que a maioria dos entrevistados ganha entre R$ 1,4 mil e R$ 4,2 mil, sendo que grande parte trabalha sob o regime CLT.

Um dado preocupante apontado pela pesquisa é a conexão entre o comportamento de apostas e a necessidade de crédito, indicando que o jogo pode estar sendo financiado pelo auxílio financeiro, como o Bolsa Família. Em 2024, o Banco Central estimou que cerca de cinco milhões de pessoas beneficiárias do programa enviaram R$ 3 bilhões via Pix para plataformas de apostas, com uma média de gastos de R$ 100.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, classificou a proliferação dos sites de apostas esportivas como preocupante e prejudicial às famílias. Ele destacou a correlação entre pessoas de baixa renda e o aumento nas apostas, ressaltando a necessidade de medidas para combater esse cenário.

Os dados levantados alertam para a necessidade de ações educativas e regulatórias no setor de apostas esportivas para mitigar os impactos negativos no endividamento e na inadimplência da população brasileira.

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