Conflitos entre governo de MT e povos indígenas se agravam em meio a incêndios florestais e projetos polêmicos de lei e ferrovia.

Conflitos entre governo do Mato Grosso e indígenas se intensificam diante dos incêndios florestais

Os incêndios florestais que estão devastando o Mato Grosso estão intensificando os conflitos entre o governo de Mauro Mendes, representante do partido União Brasil, e os povos indígenas locais. Além das disputas sobre a responsabilidade pelas queimadas, as partes estão envolvidas em embates relacionados à sanção da lei estadual que permite a pecuária em áreas de preservação do pantanal e à construção da Ferrogrão.

Em uma entrevista recente à Rádio Bandeirantes, o governador afirmou que há um alto índice de queimadas em reservas indígenas, embora não tenha apresentado dados concretos. Mendes destacou que muitas suspeitas estão sendo investigadas e mencionou que as reservas indígenas são responsáveis por uma parcela significativa dos incêndios.

Em uma outra entrevista, desta vez à TV Bandeirantes, Mendes contestou os dados do Ministério do Meio Ambiente sobre os incêndios. A ministra Marina Silva havia afirmado que 85% dos focos de queimadas no pantanal ocorreram em propriedades privadas.

Questionado sobre a responsabilidade pelas queimadas, o governador negou qualquer envolvimento dos proprietários rurais nos incêndios. Ele mencionou a possibilidade de uma ação política por trás dos incêndios criminosos, mas não especificou quem seriam os suspeitos.

Em nota, povos de 44 etnias repudiaram as declarações de Mendes responsabilizando os indígenas pelas queimadas. A carta também criticou a falta de assistência à comunidade, especialmente no que diz respeito ao acesso à água potável e aos problemas de saúde decorrentes dos incêndios.

O governo de Mato Grosso negou insinuações de responsabilidade ou discriminação por parte de Mendes em declaração à Folha.

Conflitos históricos e impactos ambientais

O histórico de conflitos entre o governo de Mato Grosso e os povos indígenas inclui uma notificação do Ministério Público Federal em relação a uma possível fala discriminatória do governador contra os indígenas da etnia boe bororo. Mendes foi solicitado a prestar esclarecimentos sobre comentários feitos em uma entrevista à Rádio Jovem Pan, onde mencionou a comunidade da Terra Indígena Tadarimana.

Os indígenas boe bororo consideraram as declarações desrespeitosas e buscam reconhecimento de suas terras e compensação por danos morais coletivos. A construção da Ferrogrão, projeto apoiado por Mendes, também tem gerado polêmica, com críticas de ambientalistas e comunidades indígenas preocupadas com os impactos ambientais.

Outra questão abordada é a lei que autoriza atividades pecuárias em áreas de preservação permanente na bacia do Alto Paraguai, região importante para a conservação do pantanal. Ambientalistas alertam para o risco de devastação dessas áreas devido ao uso do fogo para abrir pastagens.

Ao enfrentar incêndios florestais e conflitos entre governo e indígenas, o estado do Mato Grosso busca soluções para garantir a preservação ambiental e o respeito aos povos tradicionais que habitam a região.

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