TRE-RJ altera 53 locais de votação em dez municípios por questões de segurança: Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu e mais

No último mês, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) surpreendeu a população ao anunciar a alteração de 53 locais de votação em dez municípios do estado, devido a preocupações com a segurança. A maioria dessas mudanças ocorreu na capital, Rio de Janeiro, mas também afetou cidades como Duque de Caxias, Belford Roxo, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Japeri, Itaguaí, Niterói, Itaboraí e Sapucaia. Essa decisão acabou impactando cerca de 171 mil eleitores em todo o estado.

O presidente do tribunal, desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, justificou que a razão por trás dessas alterações foi o risco de ações do crime organizado nos locais de votação originais. O infiltramento de grupos criminosos na política é uma realidade preocupante durante as eleições municipais, não apenas no Rio de Janeiro, mas em todo o país.

Especialistas entrevistados pela Agência Brasil alertaram que essas organizações criminosas podem utilizar violência, ameaças e coação contra adversários e eleitores para garantir que seus candidatos sejam eleitos. Alan Fernandes, doutor em Ciências Policiais e Segurança Pública, destacou que o crime organizado aprendeu a atuar de dentro do Estado, interferindo de maneira direta nas eleições.

A atuação dos grupos criminosos, como as milícias, tem sido cada vez mais intensa na política, fortalecendo sua influência no governo. Para garantir a integridade do pleito, medidas como a proibição do uso de celulares e câmeras nas cabines de votação foram adotadas, visando combater possíveis fraudes e coações por parte do crime organizado.

Além da interferência do crime organizado, a violência política entre candidatos e eleitores também representa um grande desafio para as eleições municipais. Miguel Carnevale, pesquisador do Grupo de Investigação Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, alertou para o aumento da violência nesse período, principalmente durante as campanhas eleitorais. Redes sociais também têm sido utilizadas como veículo para a amplificação da violência eleitoral, com ameaças e ofensas sendo disseminadas de maneira preocupante.

Diante desse cenário, a garantia da segurança durante o processo eleitoral se torna essencial. A extensão do prazo de permanência da Força Nacional de Segurança no estado do Rio de Janeiro e o planejamento operacional da Polícia Militar para os dias de votação são medidas que visam assegurar um ambiente democrático e livre de interferências criminosas. A prioridade é garantir que o direito ao voto dos cidadãos seja respeitado, mesmo diante dos desafios impostos pela violência política e pelo crime organizado.