Ciclos econômicos opostos: Brasil eleva juros e EUA cortam taxa para evitar recessão e desemprego

Brasil e Estados Unidos em cenários econômicos opostos

No atual panorama econômico, Brasil e Estados Unidos seguem caminhos opostos. Enquanto o Banco Central brasileiro eleva a taxa básica de juros para conter a inflação em meio ao crescimento econômico e aumento do emprego, o Fed (Federal Reserve) reduz a taxa nos EUA para evitar recessão e desemprego em ascensão.

A teoria indicaria que essa situação resultaria em uma queda do dólar, que atualmente é cotado a R$ 5,519 (comercial) e R$ 5,728 (turismo) no Brasil. No entanto, economistas apontam que a incerteza, principalmente em relação ao risco fiscal brasileiro, pode impedir a valorização do real.

Na última quarta-feira (18), o Copom elevou a Selic em 0,25 ponto percentual, atingindo 10,75%, enquanto o Fed cortou a taxa em 0,50 ponto, chegando a 5%. De acordo com analistas consultados na pesquisa Focus, a previsão é de uma Selic em 11,25% até o final do ano, em contraste com a taxa americana de 4,25%, segundo as projeções do mercado financeiro.

O diferencial de juros entre os países, que pode chegar a 7 pontos percentuais, torna o Brasil mais atraente para investimentos, especialmente através do carry trade. Nessa operação, investidores pegam empréstimos nos EUA e aplicam o capital no Brasil, lucrando com a diferença nas taxas de juros.

Entretanto, a economia americana e a situação fiscal brasileira geram preocupações. O risco de uma recessão nos EUA fortaleceria o dólar como ativo seguro, enquanto o cenário político brasileiro pós-2024 eleva a incerteza, podendo aumentar o déficit fiscal e o risco percebido.

A possibilidade de um real mais forte, atraente para investidores, pode estimular a valorização da moeda brasileira, mas a queda nas commodities e a correlação entre petróleo e dólar podem impedir essa apreciação. A expectativa de queda no preço das commodities levou o BTG Pactual a revisar a projeção do câmbio para R$ 5,50 no final de 2024 e R$ 5,60 em 2025.

O Itaú também apontou a manutenção do dólar elevado frente ao real, devido ao risco e incertezas. No entanto, a previsão de um ciclo de corte de juros nos EUA e aumento da taxa Selic poderia tornar o diferencial de juros mais atrativo, gerando uma moeda mais valorizada a médio prazo.

Em resumo, o cenário econômico entre Brasil e Estados Unidos reflete a conjuntura de cada país e as suas respectivas políticas monetárias, fatores que influenciam diretamente o mercado de câmbio e os investimentos internacionais.

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