Estudo da UFF indica falhas em preservação de locais de confronto na Operação Escudo na Baixada Santista, aponta pesquisa do Geni.

Investigação da UFF aponta falhas em perícia de locais de confronto na Operação Escudo

Um estudo realizado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) revelou que durante a Operação Escudo, conduzida pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) na Baixada Santista entre julho e setembro do ano passado, diversos locais de supostos confrontos não foram devidamente preservados para a realização da perícia, conforme documentos dos inquéritos policiais analisados.

O Geni (Grupo de Estudo dos Novos Ilegalismos) examinou informações referentes a 20 das 28 mortes ocorridas durante a operação, que foi desencadeada logo após o assassinato do soldado da Rota Patrick Bastos Reis, de 30 anos, em 27 de julho. De acordo com o estudo, apenas em 11 casos a cena do confronto foi mantida para os peritos, enquanto em outros nove, o local não foi devidamente isolado, com justificativas como “área de risco” e “condições climáticas”.

Luciana Fernandes, pesquisadora do Geni, ressaltou a importância da preservação adequada dos locais de confronto para uma investigação imparcial. Ela destacou a baixa adesão aos protocolos de perícia e a falta de gravações ambientais como elementos que impactam na reconstrução dos eventos de forma isenta.

Apesar das falhas apontadas, Fernandes alertou que não é possível afirmar que o socorro prestado foi desnecessário, indicando que as vítimas poderiam estar vivas no momento do transporte para unidades de atendimento.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) declarou que todas as mortes durante a operação são rigorosamente investigadas, com acompanhamento das corregedorias das polícias Civil e Militar, Ministério Público e Poder Judiciário. A pasta ressaltou a importância do trabalho da perícia, mesmo em condições adversas, para reunir provas nos inquéritos sobre mortes decorrentes de intervenção policial.

O estudo preliminar revelou que, das 20 mortes analisadas, 10 corpos foram removidos dos locais de confronto, sendo que 9 chegaram às unidades de atendimento sem vida. O perfil das vítimas, em sua maioria homens de 29 anos e pardos, reflete a realidade de outras ocorrências de violência policial.

A pesquisadora do Geni destacou que as investigações foram conduzidas predominantemente sob a ótica policial, apesar de relatos de moradores sobre execuções e abusos durante a operação. A SSP enfatizou que a ação teve como objetivo combater o tráfico de drogas e o crime organizado na região, resultando em prisões e apreensões significativas.

A gestão Tarcísio ressaltou os investimentos na capacitação do efetivo e em políticas de redução da letalidade, além do aprimoramento dos treinamentos e estruturas investigativas. A Operação Escudo, segundo a SSP, foi essencial para desarticular organizações criminosas e garantir a segurança na Baixada Santista.

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