Capitão Lisboa, torturador da ditadura militar, morre aos 86 anos sem ser responsabilizado pelos crimes cometidos durante o regime

No dia de hoje, uma triste notícia abalou o cenário político brasileiro. O delegado da Polícia Civil de São Paulo, David dos Santos Araújo, conhecido como Capitão Lisboa, faleceu aos 86 anos, sem nunca ter sido responsabilizado pelos crimes cometidos durante a ditadura militar. Sua morte foi registrada no 29º Cartório de Santo Amaro, em São Paulo.

Capitão Lisboa era considerado um dos mais violentos torturadores do regime, tendo atuado no Doi-Codi, local de práticas clandestinas de tortura em São Paulo. Subordinado a Carlos Alberto Brilhante Ustra, ele foi processado pelo Ministério Público Federal (MDF) por atos de violência cometidos no órgão. Em 2013, durante um depoimento na Comissão Nacional da Verdade, o policial negou as acusações de tortura, execução e desaparecimento forçado que constam no relatório da mesma comissão.

Entre as acusações feitas ao delegado aposentado estão as mortes de Aylton Adalberto Mortati e Joaquim Alencar de Seixas, bem como a tortura do filho de Seixas, Ivan, e outros membros da família do militante. Apesar de ter recebido a Medalha do Pacificador do Exército em 1981, Capitão Lisboa enfrentou protestos em 2012 por parte do Levante Popular da Juventude, devido ao seu passado de violência durante a ditadura militar.

A morte do delegado ocorre dois semanas após a reinstalação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), que havia sido interrompida em 2022 e retomou seus trabalhos recentemente graças aos esforços do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e do Governo Federal. Desde sua criação em 1995, a comissão já analisou cerca de 300 casos de abusos e violências do período militar, reconhecendo mortes e promovendo o pagamento de indenizações às famílias das vítimas.

Com a morte de Capitão Lisboa, mais um capítulo sombrio da história do Brasil é encerrado, deixando questionamentos sobre justiça e memória para as futuras gerações.

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