Risco de sarampo: 86% dos municípios em situação alarmante
Pela avaliação recente, ao menos 4.587 municípios foram classificados como em alto risco para sarampo, sendo que 225 estão categorizados como em situação de risco muito alto. Isso representa um total de 86% das cidades em todo o país com níveis preocupantes da doença. Os dados alarmantes foram apresentados durante a 26ª Jornada Nacional de Imunizações, realizada em Recife.
Segundo a coordenadora de Imunização da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), Flávia Cardoso, o Brasil chegou a conquistar o status de país livre do sarampo em 2016, porém perdeu essa certificação em 2019 devido à circulação contínua do vírus por mais de um ano. Em 2022, o país foi considerado endêmico para o sarampo e, em 2023, passou para a condição de país pendente de revisão, como explicou Flávia durante o evento.
A comissão regional de monitoramento e revisão do sarampo, da rubéola e da síndrome da rubéola congênita nas Américas, esteve no Brasil em maio deste ano e fez diversas recomendações, incluindo a ampliação da sensibilidade na identificação de casos suspeitos de sarampo. A entidade solicitou que o país apresente o número de amostras recebidas de pacientes com febre e exantema, juntamente com os resultados dos diagnósticos descartados.
Apesar de melhorias na cobertura vacinal para sarampo e rubéola em alguns estados, como destacou Flávia, houve poucos avanços em outros, e a situação em estados como Rio de Janeiro, Amapá, Pará e Roraima foi considerada muito preocupante para a manutenção da eliminação dessas doenças no país.
Uma das recomendações da comissão foi que o Brasil estabeleça um protocolo de resposta rápida a casos suspeitos, baseado em experiências recentes, como o caso importado do Paquistão detectado no Rio Grande do Sul. Além disso, sugeriu-se a articulação com o Ministério do Esporte e ligas esportivas para a vacinação de atletas brasileiros, semelhante ao que foi feito antes dos Jogos Olímpicos de Paris deste ano.
Flávia ainda mencionou a importância de buscas ativas integradas de casos de sarampo, rubéola, poliomielite e paralisia flácida em menores de 15 anos, como uma forma de fortalecer a vigilância em nível municipal.
Em junho deste ano, o Brasil completou dois anos sem registrar casos autóctones de sarampo, ou seja, sem transmissão interna da doença. Isso traz a esperança de que o país recupere em breve sua certificação de livre de sarampo.
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