Investidores preferem vitória de Kamala Harris para títulos, mas optam por ações se Trump vencer, indica pesquisa Bloomberg.

Análise: Eleição presidencial nos EUA impacta mercado financeiro, aponta pesquisa

Uma vitória da democrata Kamala Harris na eleição presidencial dos Estados Unidos em novembro é vista como uma opção melhor para os títulos do Tesouro e pior para as ações do que uma vitória do republicano Donald Trump, de acordo com uma pesquisa com assinantes do Bloomberg Terminal.

Metade dos participantes da pesquisa planeja aumentar a exposição a ações se Trump vencer, enquanto apenas 28% disseram que fariam isso se Harris se tornar presidente. Mais de um terço reduziria exposição a ações caso Harris prevaleça.

Enquanto isso, quase metade dos 340 entrevistados indicou que reduziria exposição a títulos no caso de uma vitória de Trump e cerca de 23% disseram que fariam isso caso Harris vença.

O retorno do controle republicano à Casa Branca poderia impactar mais os mercados financeiros do que a manutenção do governo democrata, disseram investidores institucionais. Cerca de um terço dos entrevistados disseram que provavelmente manteriam sua exposição a ações estável se Harris vencer, em comparação com 24% se Trump for vencedor.

Cerca de metade planeja manter suas participações em títulos iguais sob Harris, contra 37% sob Trump.

Os participantes da pesquisa MLIV Pulse, incluindo gestores de portfólio, investidores e economistas, claramente veem alguma diferença entre os candidatos. Ainda assim, no levantamento realizado de 9 a 13 de setembro, durante a semana do primeiro debate presidencial, 54% dos entrevistados disseram que ainda não se posicionaram para a eleição.

Aqueles que responderam já ter um posicionamento estão igualmente divididos entre os dois lados. A maioria dos entrevistados respondeu à pesquisa após ou durante o debate.

Historicamente, ações tendem a subir sob qualquer administração da Casa Branca. O retorno médio anual do preço do S&P 500, em dados que remontam a 1945, tem sido um ganho de 11% sob os democratas e de 7% sob os republicanos, de acordo com dados de Sam Stovall, estrategista-chefe de investimentos da CFRA Research.

Apenas um dos últimos seis presidentes, George W. Bush, viu o S&P 500 cair sob sua administração —e ele deixou o cargo em meio à Grande Recessão de 2009.

A queda da inflação e a perspectiva de o Fed (Federal Reserve) cortar as taxas de juros —tendência que se confirmou nesta quarta-feira (18)— ajudaram os títulos do Tesouro dos EUA a avançar em 2024. Os preços dos títulos provavelmente continuarão a subir durante o próximo mandato presidencial, de acordo com quase metade dos entrevistados do Pulse.

Embora a flexibilização da política monetária geralmente se traduza em rendimentos mais baixos e preços de títulos em alta, planos fiscais expansivos tendem a ter o efeito oposto. Ambos os candidatos presidenciais devem aumentar o endividamento federal.

A proposta de Trump de estender permanentemente os cortes de impostos de 2017 poderia levar a uma relação dívida/PIB de 142% nos próximos 10 anos —cerca de 20% a mais do que no final da Segunda Guerra Mundial—, de acordo com a Bloomberg Economics.

A esmagadora maioria dos entrevistados da pesquisa da Bloomberg espera que os EUA evitem um rebaixamento da classificação soberana sob o próximo presidente. Tal evento só aconteceu duas vezes na história dos EUA até agora.

De acordo com cerca de dois terços dos investidores pesquisados, as ações dos EUA superarão seus pares globais nos próximos quatro anos. O sucesso americano em ações nos últimos dois anos tem sido impulsionado em grande parte pela empolgação em torno da inteligência artificial —dentro do mercado dos EUA, gigantes da tecnologia como Nvidia ou Apple continuarão a dominar, disseram os investidores.

A pesquisa MLIV Pulse foi conduzida entre usuários do Bloomberg Terminal em todo o mundo que optaram por participar do questionário. Os leitores do Terminal podem se inscrever para futuras pesquisas digitando NSUB PULSE.

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