Biologia marinha e ecologia: biólogo investiga a influência da urbanização e erosão na biodiversidade das praias, com destaque para indicadores ambientais.

O jovem biólogo Keltony de Aquino Ferreira, aos 29 anos, recorda um momento marcante que o inspirou a seguir a carreira na biologia. Durante uma aula de biologia no pátio da escola há mais de uma década, ele testemunhou um lagarto devorando uma aranha, despertando nele uma paixão pela vida selvagem e pelas interações ecológicas.

Mesmo sendo alérgico a frutos do mar e um nadador medíocre, Keltony escolheu se especializar em biologia marinha e ecologia. Seu atual foco de pesquisa envolve a análise dos efeitos dos processos erosivos na biodiversidade costeira e a influência da urbanização na fauna marinha. Um aliado fundamental em suas pesquisas é o caranguejo maria-farinha (Ocypode quadrata), que, devido à ocupação humana, acaba se aventurando nas ruas e sendo inadvertidamente atropelado.

Além do caranguejo, Keltony também estuda o besouro-tigre Cylindera nivea como um indicador ambiental valioso. A presença desses organismos em seu habitat natural indica a saúde do ecossistema, fornecendo pistas sobre o impacto humano na natureza. No entanto, encontrar essas espécies em ambientes preservados está se tornando cada vez mais raro, refletindo a crescente pressão sobre os ecossistemas naturais.

O biólogo recebe apoio do Instituto Serrapilheira e da Faperj para sua pesquisa, que busca compreender como a biodiversidade costeira é influenciada por diferentes fatores ambientais. Keltony, originário do Espírito Santo, relembra sua infância simples em meio à natureza, que despertou nele o interesse pela fauna e flora locais.

Enquanto segue sua trajetória acadêmica e profissional, Keltony enfrenta desafios comuns a muitos pesquisadores negros no Brasil. O preconceito racial e as dificuldades de acesso a oportunidades de pesquisas são obstáculos que ele enfrenta com determinação e foco em seus estudos.

O jovem biólogo encontra na pesquisa a força para superar as adversidades e contribuir para o avanço da ciência e da conservação ambiental. Seu trabalho visa não apenas entender os ecossistemas costeiros, mas também sensibilizar a comunidade sobre a importância da preservação da natureza e do respeito pela biodiversidade.

Por Gabriel Alves, jornalista.

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