Desintrusão na Terra Indígena Karipuna: invasores e incêndios desafiam a preservação do território e qualidade do ar

O processo de desintrusão da Terra Indígena (TI) Karipuna, localizada em Rondônia, foi considerado oficialmente finalizado pelo governo federal no final de julho deste ano. No entanto, os indígenas da etnia Karipuna têm enfrentado desafios decorrentes da presença de invasores em seu território, assim como têm observado um aumento do desmatamento e incêndios florestais nas proximidades.

A retirada dos não indígenas da TI Karipuna foi um processo complexo que exigiu a coordenação de equipes de mais de 20 órgãos federais e a realização de 152 ações planejadas. Desde janeiro, os líderes Karipuna já vinham alertando sobre a presença de invasores em busca de minérios valiosos na região, e em abril noticiaram a construção de casas por não indígenas no território.

Uma das dificuldades enfrentadas no combate a crimes em territórios indígenas é a existência de múltiplos acessos ilegais. No caso da TI Karipuna, foram identificadas e destruídas quatro entradas clandestinas durante o processo de desintrusão. O governo federal se comprometeu a manter efetivos da Força Nacional e da Funai no território para garantir a segurança dos indígenas.

No entanto, mesmo após a expulsão dos invasores, problemas como desmatamento e incêndios persistem na região. Segundo dados do Ministério da Justiça, o desmatamento na TI Karipuna reduziu consideravelmente em comparação aos anos anteriores, porém ainda há ocorrências de incêndios florestais preocupantes, especialmente nas proximidades das TIs Aripuanã e Roosevelt.

A liderança Karipuna expressou preocupação com a falta de equipe especializada para proteger a TI e auxiliar no combate aos incêndios. A região já enfrentou grandes perdas de vegetação nos últimos anos, sendo classificada entre os dez territórios com mais desmatamento. Além disso, a seca intensa e a mudança no regime de chuvas têm agravado a situação, com o nível do Rio Madeira atingindo patamares alarmantes.

Diante desses desafios, a liderança indígena espera uma revisão nos investimentos destinados aos estados do norte do país para enfrentar os impactos ambientais e sociais causados pelas invasões e desmatamento. Até o momento, o Ministério dos Povos Indígenas e a Funai não se pronunciaram sobre a situação na TI Karipuna. A comunidade aguarda soluções efetivas para proteger seu território e garantir sua sobrevivência.

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