Reviravolta na Comissão Europeia: Thierry Breton renuncia ao cargo
O comissário da Comissão Europeia para assuntos internos da França, Thierry Breton, renunciou abruptamente ao cargo nesta segunda-feira (16) e foi substituído pelo ministro das Relações Exteriores Stephane Sejourne como candidato de seu país para o próximo corpo executivo da União Europeia, uma reviravolta inesperada na altamente política transição de poder da organização.
Segundo informações, Breton anunciou sua demissão em um comunicado, enquanto a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, prepara-se para anunciar esta semana quem fará parte de sua nova equipe de cinco anos.
O francês disse que Von der Leyen havia estimulado a França a substituí-lo. Enquanto a França nomeava Sejourne, um aliado próximo e ex-parlamentar da UE, como seu novo candidato, o escritório do presidente francês, Emmanuel Macron, deixou claro que ele estava disputando um cargo-chave centrado na soberania industrial e na competitividade europeia.
Breton, conhecido por confrontar publicamente o bilionário da tecnologia Elon Musk e desempenhar um papel fundamental na formulação da regulamentação das big techs da UE de 27 nações, na resposta à vacina da Covid e nos esforços para impulsionar as indústrias de defesa, afirmou em sua carta de renúncia que Von der Leyen havia pedido à França para retirar seu nome como escolha da Comissão “por motivos pessoais” em troca de um “supostamente cargo mais influente”.
Sua relação com Von der Leyen se deteriorou nos últimos meses, com Breton irritando a presidente ao criticar publicamente sua nomeação como candidata do partido conservador EPP europeu para chefiar a Comissão por um segundo mandato, disseram autoridades da UE.
A mudança pode ser vista como uma disputa de poder entre Alemanha e França, os dois maiores pesos-pesados da União Europeia, sobre quem estabelece as diretrizes no bloco. A França, como segundo maior estado membro da UE, está de olho em um cargo importante na reorganização de cargos-chave nas instituições do bloco após as eleições do Parlamento Europeu de junho.
Sejourne, que liderou a chapa de seu partido nas eleições da UE em 2019, manteve um perfil discreto no ministério das Relações Exteriores da França e seguiu a linha de Macron. Breton, por sua vez, apoiou o setor de telecomunicações na busca por big techs para ajudar a financiar a implantação de 5G e banda larga de alta velocidade em toda a Europa.
A Comissão Europeia ainda não se pronunciou sobre as críticas de Breton e sua renúncia, mas espera apresentar a nova equipe proposta da Comissão nesta terça-feira (17).