Polícia Federal conclui investigação da morte da adolescente indígena Paola Rodrigues

Após mais de nove meses de investigação, a Polícia Federal anunciou a conclusão do caso relacionado à morte da adolescente indígena Paola Rodrigues, de apenas 13 anos. A jovem foi vítima de um conflito armado na Terra Indígena Kaingang Cacique Doble, localizada na região norte do Rio Grande do Sul, próximo à divisa com Santa Catarina.

De acordo com as informações divulgadas pela polícia, dez pessoas indígenas foram indiciadas pelos crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio, uso e disparo de arma de fogo, danos qualificados e formação de milícia privada. O trágico episódio ocorreu em 4 de dezembro de 2023, quando um grupo armado disparou contra as vítimas, que buscaram abrigo na casa de uma delas, onde Paola residia.

Segundo relatos da Polícia Federal, os agressores cercaram a residência onde estavam cerca de 15 pessoas, a maioria mulheres e crianças, e dispararam repetidamente com espingardas de grosso calibre. Mesmo diante dos apelos desesperados por clemência, os homens não cessaram os disparos, resultando na morte de Paola e em ferimentos em outros dois adolescentes.

A investigação revelou que a Terra Indígena Kaingang Cacique Doble tem sido palco de uma violenta disputa entre grupos indígenas rivais desde 2022, quando começaram os conflitos pela liderança da área. Em agosto daquele ano, quatro indígenas foram assassinados no local, desencadeando uma onda de violência que culminou no episódio que vitimou Paola.

Após a morte da adolescente, a Polícia Federal deflagrou a Operação Menés 6º, com o apoio da Polícia Militar e da Força Nacional de Segurança. Foram realizadas prisões preventivas e temporárias, além de buscas e apreensões, com o objetivo de esclarecer os fatos e responsabilizar os envolvidos.

Diante da tensão na região, o Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou o emprego de agentes da Força Nacional de Segurança Pública na Terra Indígena Kaingang Cacique Doble, bem como em outras regiões gaúchas e em Roraima. A atuação dos agentes visa apoiar os órgãos de segurança pública e a Funai na manutenção da ordem pública e na proteção das pessoas e do patrimônio.