O problema das mulheres abaixo do peso no Japão

^{Aviso: esta reportagem contém descrições de transtornos alimentares que alguns leitores podem considerar perturbadores.}

Os padrões de beleza no Japão têm levado muitas mulheres jovens a buscarem um corpo extremamente magro, muitas vezes prejudicando sua saúde. Um exemplo é Sarah Mizugochi, que enfrentou graves problemas de saúde devido ao baixo peso quando era adolescente. Com 1,64 metros de altura, ela seguia uma dieta restritiva e chegou a estar abaixo do peso saudável. Essa realidade não é exclusiva de Sarah, pois estudos apontam que 20,7% das mulheres japonesas entre 20 e 29 anos estão clinicamente abaixo do peso, de acordo com o Ministério da Saúde japonês.

A obsessão pela magreza entre as mulheres japonesas tem se tornado um problema de saúde pública, já que o país é o único de alta renda do mundo com predomínio de mulheres abaixo do peso. Além disso, a cultura japonesa e os padrões estéticos reforçam a ideia de que magreza é sinônimo de beleza, o que contribui para a pressão social sofrida pelas mulheres para alcançarem um corpo extremamente magro.

Norma cultural

O professor Tomohiro Yasuda, da Universidade Seirei Christopher, destaca que as mulheres japonesas abaixo do peso têm uma percepção distorcida de sua própria imagem corporal. Muitas delas acreditam que precisam perder menos peso do que realmente seria necessário para alcançar um índice de massa corporal saudável, o que pode acarretar em diversos problemas de saúde, como infertilidade e osteoporose.

A jornada de Sarah para se tornar uma influenciadora gastronômica

Sarah Mizugochi, que hoje é uma influenciadora de gastronomia em Tóquio, compartilhou sua história de superação em relação aos padrões de beleza. Após anos de restrição alimentar, Sarah percebeu a importância de se alimentar de forma saudável e ganhar peso para manter sua saúde em dia. Atualmente, ela se encontra dentro da faixa de peso saudável e incentiva outras mulheres a aceitarem seus corpos e cuidarem da saúde de forma equilibrada.

Desafiando os padrões de beleza do Japão

Mulheres como Dulmi Obata também estão desafiando os padrões de beleza no Japão. Dulmi, que participou do concurso Miss Universo Japão como uma modelo plus size, busca promover a positividade corporal e a diversidade de corpos, contrariando a ideia de que apenas corpos extremamente magros são bonitos. Sua atitude reflete uma mudança gradual na cultura japonesa, que historicamente valorizou a magreza como o ideal de beleza feminina.

Combatendo a cultura de perder peso

O governo japonês tem implementado medidas para combater a obsessão pela magreza e promover uma relação saudável com o corpo e a alimentação. Diretrizes de alimentação, programas de orientação nutricional e iniciativas de educação têm sido adotadas para conscientizar as pessoas sobre os riscos da baixa alimentação e dos transtornos alimentares. No entanto, ainda há muito a ser feito para desconstruir os padrões de beleza que perpetuam a pressão por corpos extremamente magros.

Em um cenário cultural onde a magreza é valorizada e associada à beleza feminina, é fundamental promover a diversidade de corpos e incentivar a aceitação de diferentes formas e tamanhos. Mulheres como Sarah, Dulmi e outras estão desafiando esses padrões e inspirando uma nova geração de mulheres a se amarem e cuidarem de si mesmas, independentemente de seus pesos e medidas.