Fujimori morre sem cumprir condenação por crimes cometidos durante governo no Peru, famílias das vítimas lamentam impunidade

Ex-presidente do Peru morre aos 86 anos

“A morte do ex-presidente não muda nada para mim porque ainda carrego uma dor dentro de mim. Minha irmã Nelly foi morta”, lamentou Rubina, de 56 anos.

O ex-mandatário do Peru, que governou entre 1990 e 2000 em meio à crise de hiperinflação e violência do grupo terrorista Sendero Luminoso, morreu na quarta-feira aos 86 anos em sua casa em Lima, enquanto se submetia a um tratamento para câncer de língua.

Para Carmen Amaro, irmã de uma das 10 vítimas do massacre de La Cantuta (1992), Fujimori morreu sem cumprir toda a condenação e com um julgamento em andamento pela morte de seis camponeses executados por militares em Pativilca, ao norte de Lima, em 1992.

“Com sua morte não se acaba, nem se perdoa a pena. Fujimori continuará sendo o assassino e o principal responsável pelo desaparecimento de nossos familiares”, declarou à AFP Amaro. Seu irmão Richard, um estudante de 25 anos da Universidade La Cantuta, foi carbonizado após ser executado com um tiro e sepultado em uma vala comum por militares.

Os massacres foram cometidos por um esquadrão da morte do exército conhecido informalmente como Grupo Colina, que era responsável pelas “operações especiais” de inteligência no contexto da luta contra as guerrilhas e o terrorismo do Sendero Luminoso durante o governo de Fujimori, conforme determinado pela justiça.

“Nunca reconheceu seus crimes”

“Ele nunca reconheceu seus crimes, nunca pediu desculpas por seus crimes, nunca pagou a reparação civil e, em vez disso, aproveitou os últimos meses do Estado pedindo uma pensão indevida”, disse à AFP Gisela Ortiz, outra familiar de vítimas de La Cantuta.

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