Reforma judicial do México aprovada: eleição de juízes por voto popular gera polêmica e instabilidade no país
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Durante uma sessão que se estendeu por mais de 12 horas e foi marcada por protestos, a base governista do partido Morena e seus aliados conseguiram os votos necessários para aprovar a reforma. Com 86 votos a favor e 41 contrários, a decisão foi celebrada pelos senadores aliados ao governo. A reforma entrará em vigor assim que for publicada no diário oficial do México.
A aprovação dessa reforma ocorreu após um debate acalorado e momentos de grande tensão política, já que a coalizão governista iniciou o dia com uma desvantagem numérica. No entanto, um legislador da oposição mudou de lado e votou a favor do projeto, enquanto outro estava ausente, alimentando especulações de que tenha sido impedido de participar da votação.
Para o presidente Andrés Manuel López Obrador, a reforma é uma vitória significativa e fundamental para restaurar a integridade do Judiciário mexicano, garantindo que este sirva ao povo em detrimento de elites e criminosos. No entanto, críticos temem que a concentração de poder nas mãos do Morena possa ser prejudicial para o país.
Aprovada em meio a protestos e greves de funcionários do Judiciário, a reforma também despertou preocupações internacionais. Parceiros comerciais como Estados Unidos e Canadá alertaram que as mudanças no sistema judicial mexicano poderão afetar o acordo comercial entre os países e impactar negativamente os investimentos.
À medida que a reforma se desenrola, os mercados financeiros mexicanos têm mostrado volatilidade, com o peso perdendo valor desde as eleições presidenciais. As manifestações contra a reforma também chamaram a atenção, culminando em invasões ao prédio do Senado e interrupções nas discussões legislativas.
A reforma constitucional aprovada exige a eleição popular de mais de 6,5 mil juízes e magistrados, além de alterar a composição e os requisitos para a Suprema Corte. Com a posse da futura presidente Claudia Sheinbaum se aproximando, a gestão das consequências dessa reforma deverá ser um dos desafios iniciais de seu mandato.