Nível do rio Madeira atinge menor cota em 57 anos e garimpo ilegal intensifica impacto ambiental na região de Humaitá.

Rio Madeira em crise: garimpo ilegal ameaça o ecossistema

O nível do rio Madeira, na altura de Porto Velho, segue caindo de uma forma nunca registrada. O boletim do SGB (Serviço Geológico do Brasil) da última terça-feira (10) mostra que o nível chegou a 79 cm. Com 1,02 m, uma semana antes, já era a menor cota dos últimos 57 anos.

Ribeirinhos que vivem da pesca e da agricultura familiar se viram diante de imensos bancos de areia. Quem está na margem do Madeira desde sempre considera que a situação é decorrência de uma série de fatores, incluindo a falta de chuvas. Outro problema é o garimpo ostensivo por dragas que transitam no principal afluente do rio Amazonas.

Essas estruturas arcaicas remexem o leito do rio atrás de ouro. A atividade ilegal integra a paisagem do Madeira há décadas, e dragas gigantes —dotadas de equipamentos para sucção e trituração de pedras e barrancos— provocam uma alteração agressiva das bases do curso d’água, especialmente no período de seca.

A situação se agrava na região de Humaitá (AM), a 200 km de Porto Velho, onde a presença de 25 dragas de grande porte é constatada em um trecho de 100 km do rio Madeira. Essas dragas, dotadas de hospedagem e ar-condicionado, representam apenas uma parte do garimpo ilegal que ameaça o ecossistema da região.

A atuação dessas dragas ocorre em meio a operações da PF (Polícia Federal) e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para combater o garimpo ilegal. Em agosto, a destruição de 459 dragas foi realizada, mas a atividade ilegal persiste.

O superintendente do Ibama no estado, Joel Araújo, afirmou que as operações devem continuar, apesar da dificuldade em acabar totalmente com a prática ilícita. A presença das dragas ilegais no rio Madeira, algumas custando mais de R$1 milhão, é um desafio para as autoridades ambientais.

O garimpo ilegal não apenas prejudica o meio ambiente, mas também impacta a vida das comunidades ribeirinhas que dependem do rio para sobreviver. A destruição das dragas e balsas utilizadas no garimpo é uma medida necessária para a proteção do ecossistema e da população local.

A série de reportagens sobre Mudanças Climáticas na Amazônia, com o apoio da Rainforest Foundation Norway, destaca a urgência em combater o garimpo ilegal e preservar a riqueza natural da região.

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