Kamala Harris expõe racismo de Trump em debate e o acusa de incitar divisão entre americanos

Trump tentou fugir de novo, antes da palavra passar para a sua adversária:
“Não sei, não sei. Tudo o que posso dizer é que li que ela não era negra, que ela havia se pronunciado. E, eu direi isso. E então li que ela era negra. E tudo bem. Qualquer uma das duas coisas estava bem para mim. Isso é com ela. Isso é com ela.”

E, claro!, o “arregão” deu a Kamala o seu melhor momento:
“Quero dizer honestamente: eu acho que é uma tragédia que tenhamos alguém que quer ser presidente e que, reiteradamente, ao longo de sua carreira, tentou usar a raça para dividir o povo americano. Sabem? Eu acredito que a grande maioria de nós sabe que temos muito mais em comum do que aquilo que nos separa. E não queremos esse tipo de abordagem que está constantemente tentando nos dividir, especialmente por raça.
E vamos lembrar como Donald Trump começou. Ele possuía terras, ele possuía prédios. E ele foi investigado porque se recusou a alugar propriedades para famílias negras. Vamos lembrar: este é o mesmo indivíduo que colocou um anúncio de página inteira no ‘The New York Times’ pedindo a execução de cinco jovens negros e latinos que eram inocentes, os ‘Cinco do Central Park’. Pegou um anúncio de página inteira pedindo a execução deles. Este é o mesmo indivíduo que espalhou mentiras sobre o local de nascimento do primeiro presidente negro dos EUA. E eu acho que o povo americano quer algo melhor do que isso. Quer algo melhor do que isso. Quer alguém que entenda como eu… Eu viajo pelo nosso país. Vemos um no outro um amigo. Vemos um no outro um vizinho. Não queremos um líder que esteja constantemente tentando fazer os americanos apontarem o dedo uns para os outros. Eu me encontro com pessoas o tempo todo que me dizem: ‘Podemos, por favor, apenas ter um discurso sobre como vamos investir nas aspirações, ambições e sonhos do povo americano?” Sabendo que, independentemente da cor das pessoas ou da língua que suas avós falam, todos nós temos os mesmos sonhos e aspirações e queremos um presidente que invista neles, não em ódio e divisão.”

Trump ficou perplexo. Restou-lhe acusar Kamala de requentar histórias do passado, mas não teve como negar nenhuma das evidências. A propósito: assistam à série “Olhos que Condenam”, na Netflix, sobre esse caso pavoroso do Central Park, acontecido em 1989.

COMENDO GATOS E CACHORROS
O pilar da postulação de Trump é a campanha de ódio que ele move contra os imigrantes. Por que de ódio? Inexiste uma argumentação de natureza técnica, econômica ou política. Não! Seriam todos delinquentes. Repetiu a mentira de que a criminalidade cai em outros países — citou de novo a Venezuela — porque os criminosos migram para os EUA:

“Muitos, muitos, milhões de criminosos. Eles [os democratas] permitiram [a entrada de] terroristas. Eles permitiram criminosos comuns de rua. Eles permitiram que pessoas entrassem, traficantes de drogas, entrassem em nosso país, e agora estão nos EUA. E seus países disseram, como a Venezuela: ‘Nunca mais voltem, ou nós vamos matá-los”. Você sabia que a criminalidade na Venezuela e a criminalidade em países de todo o mundo diminuiu muito? Você sabe por quê? Porque eles tiraram seus criminosos das ruas e os deram a ela [apontando para Kamala] para colocar em nosso país. (…). O crime aqui está aumentando e nas alturas. Apesar das declarações fraudulentas que eles fizeram. O crime neste país está nas alturas.”

Como não tem limites e como não vê fronteira entre a mentira e verdade, saiu-se com esta:
“O que eles [os democratas] fizeram com o nosso país ao permitir que milhões e milhões de pessoas viessem para o nosso país. E veja o que está acontecendo com as cidades Estados Unidos afora. E muitas cidades não querem falar — Aurora ou Springfield, por exemplo. Muitas cidades não querem falar sobre isso porque estão muito envergonhadas com isso. Em Springfield, eles estão comendo os cachorros. As pessoas que entraram. Eles estão comendo os gatos. Eles estão comendo. Eles estão comendo os animais de estimação das pessoas que vivem lá. E é isso o que está acontecendo no nosso país. E é uma pena!”

Por que elogiei os dois jornalistas?

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