Policiais da Rota vão a júri popular por morte e forja de provas durante Operação Escudo em Guarujá.

No próximo mês, dois policiais militares enfrentarão o tribunal do júri devido à acusação de terem matado um homem e falsificado provas durante a Operação Escudo, uma das ações mais letais da Polícia Militar de São Paulo. O sargento Eduardo de Freitas Araújo e o soldado Augusto Vinícius Santos de Oliveira, ambos da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tornaram-se os primeiros réus da operação a serem sentenciados a comparecerem diante do júri popular. A Justiça considerou que há evidências suficientes para encaminhar o caso ao tribunal.

O incidente ocorreu durante a terceiro dia da operação, em 30 de julho, às 7h47, no Morro do Macaco em Guarujá, litoral paulista. A vítima, Rogério Andrade de Jesus, foi fatalmente atingida por um tiro de fuzil no peito dentro de sua residência.

Uma das evidências que levaram à decisão de levá-los a julgamento foi o fato de que as câmeras corporais usadas pela equipe policial captaram indícios de que os policiais teriam colocado uma arma e um colete à prova de balas no local onde o homem foi morto. Além disso, eles teriam desligado os equipamentos durante o incidente, bloqueado parcialmente as filmagens e desrespeitado os protocolos da PM.

A Justiça também observou que não houve registro de confronto nas imagens das câmeras. A vítima não foi vista nas filmagens antes do momento do disparo.

A esposa da vítima declarou em juízo que lhe disseram que ele foi baleado enquanto dormia, já que Jesus estava sozinho em casa quando foi morto. Por outro lado, os policiais alegaram agir em legítima defesa, afirmando que o suspeito apontou uma arma em direção a eles e não obedeceu às ordens para largar a arma.

Nos próximos meses, a Justiça também irá decidir se outros seis policiais militares serão levados a júri por mortes ocorridas durante a Operação Escudo. A ação, que teve início após a morte de um dos soldados da Rota, resultou em pelo menos 28 mortes em pouco mais de cinco semanas.

As investigações continuam e novos casos estão sendo averiguados. A Operação Escudo, agora conhecida como Operação Verão, deixou um saldo de 93 mortos na Baixada Santista somente este ano.

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