Brasil registra recorde de 5.132 focos de incêndio em 24 horas, concentrando 75.9% das áreas afetadas na América do Sul.
A diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, ressaltou a preocupação com a antecipação do período crítico dos incêndios, destacando que o país enfrenta uma situação muito difícil e incerta. Ela apontou que a confluência de fatores como o segundo ano de El Niño seguido por La Niña, o aquecimento global e a ação humana têm potencializado os incêndios neste ano. A pesquisadora enfatizou que a seca, embora impactante, não causa fogo por si só, sendo a ação humana a principal fonte de ignição.
Além dos incêndios que avançam sobre a Amazônia e o Pantanal, o estado de São Paulo também enfrenta uma situação crítica devido às queimadas. Em áreas do Cerrado, importantes unidades de conservação como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e pontos turísticos em Mato Grosso têm sido afetados pelas chamas, levando à interdição de algumas áreas de visitação.
A qualidade do ar também tem sido afetada pelos incêndios, impactando a saúde da população e sobrecarregando o sistema de saúde do país. O Ministério da Saúde mobilizou a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) para auxiliar estados e municípios a lidar com os efeitos das queimadas na saúde humana.
Diante desse cenário preocupante, Ane Alencar enfatiza a importância da conscientização da sociedade para lidar com a crise. Ela ressaltou que as medidas governamentais podem não ser suficientes para conter a situação, a menos que haja um engajamento e colaboração de toda a sociedade. Os impactos dos incêndios vão além da biodiversidade e ecossistemas, afetando a economia, a ciência e o bem-estar da humanidade como um todo. A crise atual exige a união de esforços de todos os setores da sociedade para enfrentar os desafios trazidos pelas queimadas.