Eleição municipal de 2024: redes sociais desafiam a política tradicional e influenciam o voto local.

Eleições Municipais de 2024: O Papel das Redes Sociais na Disputa Eleitoral

As eleições municipais de 2024 reacenderam o debate sobre o papel das redes sociais na disputa eleitoral. Especialmente desde a eleição vencida por Bolsonaro o uso deste recurso eleitoral nas campanhas tem despertado interesse. Em 2018, enquanto outros candidatos focavam em mecanismos tradicionais, como tempo de TV e coligações, Bolsonaro destacou-se por sua forte presença nas redes.

Dadas as experiências anteriores, em São Paulo, Pablo Marçal entrou na cena política com uma trajetória digital já consolidada, usando linguagem e conteúdo adaptados ao seu público. Apesar de seus concorrentes também terem investido em suas bases digitais, Marçal supera com folga os números dos adversários, adotando uma estratégia de rede que vai além do seu perfil pessoal.

O contexto digital atual é ainda mais intenso que em 2018 e, em muitos casos, sua força se equipara aos meios tradicionais de comunicação. A propaganda eleitoral na TV ainda tem um papel importante, entretanto, as redes oferecem uma plataforma contínua, na qual o candidato pode moldar sua imagem a priori, responder a críticas e engajar o público de forma quase instantânea e segmentada.

Essa dominância digital levanta questões sobre sua eficácia em capturar a complexidade do voto no Brasil. Diferentemente das eleições nacionais, em pleitos locais, fatores como pertencimento territorial, demandas comunitárias e laços pessoais com os candidatos tendem a ter maior relevância.

Dados do CepespData mostram que, em 2020, dos 55 vereadores eleitos em São Paulo, 30 apresentaram alta votação em no máximo 23 distritos da cidade. Arselino Tatto (PT) obteve 88% dos seus votos em apenas 7 distritos, enquanto Fernando Holiday (Patriota), com forte presença digital, obteve uma votação mais dispersa. Esses casos exemplificam dois tipos de candidatos: os que buscam bases territoriais e os que apostam no apoio obtido nas redes.

As redes sociais têm se mostrado um recurso eleitoral potente para as campanhas no Brasil, mas o voto ainda guarda laços com questões locais e pessoais. Estratégias eleitorais para as eleições municipais devem considerar a associação entre a política tradicional e a integração da comunicação digital com o território, garantindo que a mensagem do candidato ressoe tanto no mundo virtual quanto nas ruas.

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