No início do mandato, o presidente Lula adotou uma estratégia de diálogo com o centrão, afirmando a necessidade de conversar “com quem não gosta da gente”. Em uma das reuniões no Palácio da Alvorada, Lula concedeu ao grupo de Arthur Lira dois ministérios e o controle da Caixa Econômica.
Apesar disso, a governabilidade não se tornou simples após o acordo. A relação entre o governo e o centrão se tornou mais previsível, com o presidente Lula reconhecendo as peculiaridades da interação, mesmo diante da recusa do presidente da Câmara em dialogar com o ministro responsável pela articulação política.
A reviravolta na corrida pela sucessão de Arthur Lira pode fortalecer essa aliança. Com a entrada de um novo candidato favorito para a presidência da Câmara, com o apoio do governo e do centrão, a manutenção do acordo entre as partes torna-se viável.
Recentemente, Lula demonstrou a Arthur Lira sua objeção à candidatura de Elmar Nascimento ao cargo de presidente da Câmara. O governo sempre manifestou sua aversão ao nome do deputado, conhecido por sua oposição contundente ao PT, e que era apoiado por Lira.
Embora tenha evitado acusações de interferência na disputa, Lula exerceu, de forma prática, seu direito de veto. Lira compreendeu que a candidatura de Elmar poderia gerar divisões prejudiciais aos seus interesses políticos e optou por buscar uma alternativa.
A desistência de Marcos Pereira abriu espaço para a indicação de Hugo Motta, o plano B de Lira. Mesmo com um passado político questionável, o governo enxerga em Motta um parceiro viável, capaz de manter uma relação menos conflituosa com o Executivo.
Caso essa articulação se concretize, Hugo Motta representará um consórcio que já possui laços com o governo. Lula terá um interlocutor mais receptivo na presidência da Câmara, enquanto Arthur Lira preservará sua influência nessa parceria estratégica.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.
