Apesar de estar fora da lista de dez municípios mais violentos do país, a crise de segurança pública é uma constante no imaginário brasileiro ao lembrar do Rio de Janeiro. A cidade ocupa o epicentro das principais discussões sobre violência urbana, expansão das milícias e tráfico de drogas. Nas eleições municipais, o destaque não é diferente: dentre os três principais candidatos à prefeitura, dois decidiram aprofundar suas propostas no tema, apresentando planos amplos com soluções opostas para os problemas enfrentados pela população da capital.
Com históricos políticos bastante distintos, os deputados Tarcísio Motta (Psol-RJ) e Delegado Ramagem (PL-RJ) refletem o pensamento de suas correntes em suas políticas de segurança pública. O contraste fica nítido ao se comparar o tratamento destinado à Guarda Municipal: o primeiro fala em desmilitarização, capacitação para mediação de conflitos e restrição ao uso de violência. O segundo, em integração com as atividades da Polícia Militar, adoção de armamento e participação em exercícios conjuntos com outras forças de segurança.
Quem leva a maior vantagem nas pesquisas eleitorais, porém, é o atual prefeito, Eduardo Paes (PSD), com 58% de intenções de voto no último levantamento, realizado pelo Real Time Big Data e publicado na segunda-feira (2). Paes, no entanto, optou por não aprofundar a discussão sobre a segurança pública, apresentando quatro curtas propostas, sem abordar detalhes ou motivações.
A pesquisa traz Ramagem na segunda colocação, com 14% das intenções de voto, seguido por Tarcísio Motta, com 8%. Os demais candidatos pontuaram menos de 3%.
Confira a seguir as propostas para segurança pública dos principais candidatos para o Rio de Janeiro, conforme os planos de governo cadastrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE):
Eduardo Paes: o atual prefeito publicou um plano de governo enxuto, com pequenas listas de propostas para cada setor. Na segurança e ordem pública não foi diferente: o candidato do PSD apresenta quatro proposições. São elas: a ampliação da presença da Guarda Municipal em aparelhos públicos, escolas e terminais de BRT; permissão de armamento para grupos específicos da guarda, aumento da oferta de câmeras de segurança e continuidade das atividades de zeladoria e de expansão da iluminação pública.
Alexandre Ramagem: dedicando sete páginas de seu programa ao tema da segurança e ordem pública, o deputado, que é delegado da Polícia Federal, tem como principal eixo a integração entre a Guarda Municipal e as forças dos demais entes federados com atuação na capital fluminense, como as polícias estaduais e a PF.
Tarcísio Motta: na direção oposta à do concorrente do PL, o deputado do Psol trabalha com a ideia de desmilitarização da guarda municipal. Para isso, pretende, dentre outras medidas, capacitar os agentes para a adoção de soluções pacíficas de conflitos, revisar protocolos para estimular a prática de mediação e regular as formas de uso da força, proibindo técnicas que criem risco identificado.