Diáspora Científica: Desafios e Perspectivas para o Futuro da Ciência no Brasil




Diáspora Científica: Desafios e Perspectivas para o Brasil

O Desafio da Diáspora Científica no Brasil

A discussão acerca da diáspora científica, movimento no qual profissionais altamente qualificados deixam o Brasil em busca de oportunidades melhores no exterior, tem ganhado destaque nos últimos anos. Esse fenômeno, agravado por períodos como a ditadura militar e os cortes recentes na área de ciência e tecnologia, reflete não apenas questões conjunturais, mas também revela desafios estruturais que o país enfrenta em sua política de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Um dos principais motivos que levam os cientistas a deixarem o país é a falta de recursos para pesquisa, a escassez de oportunidades de carreira de longo prazo e a busca por ambientes acadêmicos mais favoráveis. O subinvestimento crônico em ciência e tecnologia, agravado pelos cortes orçamentários, tem contribuído significativamente para a dispersão desses profissionais. Além disso, a precarização das universidades públicas e a estagnação no financiamento da pós-graduação e pós-doutorado têm tornado o cenário brasileiro menos atrativo para o desenvolvimento científico.

Uma pesquisa inédita realizada pelo GEOPI/Unicamp revelou que mais de 70% dos cientistas brasileiros que estão no exterior não têm planos de retornar ao país. A maioria desses profissionais saiu do Brasil após 2019 em busca de melhores condições de trabalho e financiamento em suas áreas de pesquisa. Esses dados evidenciam que, para muitos cientistas, voltar ao Brasil não é uma opção viável, o que desafia a eficácia dos programas de repatriação existentes.

Uma iniciativa do CNPq e da Finep, o Programa Conhecimento Brasil, surge como uma tentativa de atrair de volta esses cientistas por meio de bolsas e recursos financeiros. No entanto, a recepção na comunidade científica é dividida, uma vez que as bolsas oferecidas, apesar de superiores às disponíveis no Brasil, ainda não são suficientes para competir com a remuneração e as condições de trabalho em países desenvolvidos.

Além das tentativas de repatriação, é crucial considerar estratégias como a “circulação de cérebros”, que valorize a mobilidade dos cientistas e promova a cooperação internacional. A saída de talentos científicos do Brasil representa não apenas uma perda de capital humano e intelectual, mas também compromete a capacidade do país de inovar e enfrentar desafios em áreas estratégicas como saúde, energia e meio ambiente.

Diante desse cenário, urge a necessidade de o Brasil adotar uma estratégia abrangente para mitigar a diáspora científica, incluindo investimentos robustos em ciência e tecnologia, políticas de retenção de talentos e valorização das instituições de ensino superior. A reversão desse quadro exige uma mudança de paradigma, na qual a ciência seja vista como essencial para o desenvolvimento nacional e a construção de um futuro mais próspero para as próximas gerações.


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