Documentário revela conexão de Leni Riefenstahl com atrocidades nazistas, desmistificando a diretora de “O Triunfo da Vontade”





Documentário revela novos detalhes sobre a cineasta Leni Riefenstahl

A cineasta alemã Leni Riefenstahl era uma figura controversa, conhecida por sua colaboração com o regime nazista de Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. Mesmo negando qualquer ligação política, sua obra cinematográfica era claramente influenciada pela ideologia nazista. Agora, um documentário do diretor alemão Andres Veiel traz à tona novas revelações sobre a cineasta e seu envolvimento com o regime de Hitler.

O documentário “Riefenstahl”, exibido no Festival de Veneza, revela informações surpreendentes a partir do extenso acervo pessoal da diretora. Entre os achados, destacam-se cartas, filmes caseiros, áudios e anotações que lançam luz sobre eventos até então obscuros na vida de Riefenstahl.

Andres Veiel afirma que sua pesquisa indicou que Leni Riefenstahl não era tão inocente quanto afirmava. Descobriu-se que ela tinha conhecimento dos campos de concentração nazistas e teria, indiretamente, contribuído para a execução de judeus em pelo menos um evento específico. Uma carta de um oficial revelou que, durante as filmagens em Konskie, na Polônia, a diretora teria ordenado a exclusão de judeus de uma cena, levando à morte de 22 deles logo em seguida.

Além disso, o documentário reforça a acusação de que Riefenstahl utilizou crianças de um campo de concentração de ciganos como figurantes em um de seus filmes. Também revela a proximidade da diretora com figuras-chave do regime nazista, como Hitler e Joseph Goebbels, contrariando sua narrativa de distanciamento da política.

O trabalho de Leni Riefenstahl para o regime hitlerista foi marcado por dois filmes emblemáticos. Em “O Triunfo da Vontade” (1935), ela registrou um congresso nazista, exaltando a figura de Hitler e os ideais do partido. Já em “Olympia” (1938), a diretora enalteceu a força e a perfeição física dos atletas nos Jogos Olímpicos de Berlim, reforçando a propaganda nacional-socialista.

Ao lançar o documentário no Festival de Veneza, Veiel destaca a relevância de examinar o legado de Riefenstahl em um contexto atual, dominado por ideologias extremistas. A história da cineasta serve como um lembrete das consequências devastadoras do apoio a regimes totalitários, enquanto alerta para os perigos do ressurgimento do discurso de ódio e da intolerância.


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