Análise do Filme “Ainda Estou Aqui” de Walter Salles
No último domingo (1º), a ilhota do Lido, próxima a Veneza, testemunhou a exibição pública do mais recente filme de Walter Salles, “Ainda Estou Aqui”, durante o renomado festival de cinema. Com aproximadamente 1.500 espectadores presentes, a reação da plateia sugere que este filme se destaca como uma produção profundamente significativa entre os concorrentes ao Leão de Ouro de 2024.
A junção de Walter Salles, Fernanda Torres e Marcelo Rubens Paiva nesse projeto se revela como uma escolha acertada, que promete emocionar e envolver o público. O enredo retrata de forma tocante um período marcante da história do Brasil: a ditadura militar.
Marcelo Rubens Paiva, autor do renomado livro “Feliz Ano Velho”, lançado durante o regime militar, conquistou os jovens da época ao compartilhar a tragédia que o deixou paraplégico e a busca pelo paradeiro de seu pai, o ex-deputado Rubens Paiva. Esse relato transformador despertou a consciência da juventude para os acontecimentos políticos do país, em uma época em que o assunto ainda era pouco abordado.
O filme aborda três momentos marcantes na vida da protagonista, Eunice, interpretada com maestria por Fernanda Torres. Desde os anos 1970, passando pela década de 1990 até o desfecho final, o longa retrata a luta e a superação de uma mulher que enfrentou as adversidades de uma época turbulenta da história brasileira.
A atuação intensa de Fernanda Torres e a direção sensível de Walter Salles proporcionam uma imersão profunda na história de Eunice. O filme captura a essência da protagonista e sua jornada de resiliência diante das tragédias pessoais e políticas que marcam sua vida.
Salles, em entrevista coletiva após a exibição do filme, revelou sua ligação pessoal com a família Paiva, trazendo ainda mais autenticidade e emoção à narrativa. A reconstrução do ambiente familiar e político da época é um dos pontos altos da produção, transportando o público para aquele período conturbado da história do Brasil.
Em suma, “Ainda Estou Aqui” se destaca não apenas como um filme sobre a ditadura militar, mas como uma obra que celebra a resiliência e a força feminina. A atuação impecável do elenco principal e a direção cuidadosa de Walter Salles elevam o longa a um patamar de excelência no cinema nacional. Uma obra que emociona, faz refletir e ressoa na memória do público muito além dos créditos finais.