População negra tem 30% mais mortes por doenças relacionadas ao álcool do que a branca, aponta estudo do CISA




População negra e as mortes por doenças relacionadas ao álcool

A população negra e as mortes por doenças relacionadas ao álcool

Segundo dados do estudo Álcool e Saúde dos Brasileiros: Panorama 2024, realizado pelo CISA, a população negra, que engloba pretos e pardos, apresenta uma taxa de mortalidade 30% maior por doenças relacionadas ao uso de álcool em comparação com a população branca. A desigualdade de acesso à saúde e o racismo são apontados como os principais fatores para essa disparidade, sendo as mulheres negras ainda mais vulneráveis.

No ano de 2022, a taxa de óbitos entre a população preta e parda foi de 10,6 e 10,3 por 100 mil habitantes, respectivamente, enquanto para a população branca foi de 7,9. Entre as mulheres, a diferença é ainda mais marcante, com taxas de mortalidade de 2,2 e 3,2 para pretas e pardas, respectivamente, e 1,4 para mulheres brancas.

O estudo também revela que a prevalência de uso abusivo de álcool é semelhante entre negros e brancos no Brasil, com 6,7% e 7,5% relatando consumir álcool três ou mais vezes por semana. Utilizando a Fração Atribuível ao Álcool (FAA) da OMS, foram identificadas mais de 200 doenças relacionadas ao consumo de álcool, com algumas delas, como cardiomiopatia alcoólica e síndrome alcoólica fetal, tendo todas as mortes associadas ao álcool.

De acordo com a socióloga Mariana Thibes, coordenadora do CISA, as disparidades nas taxas de mortalidade não estão relacionadas a um maior consumo abusivo de álcool pela população negra, mas sim a fatores como racismo, pobreza e desigualdades sociais históricas. Thibes destaca que as populações negras vivem em contextos de maior vulnerabilidade social, o que dificulta o acesso aos serviços de saúde e leva a problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, que podem levar ao alcoolismo como mecanismo de enfrentamento.

O médico psiquiatra Arthur Guerra, presidente do CISA, ressalta a importância de informar sobre o tema e ampliar o acesso a serviços de saúde com uma abordagem focada nas populações em maior risco. Guerra defende também a necessidade de um debate público aberto e conscientização social para combater o estigma relacionado ao alcoolismo.


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