Partido de extrema direita AfD lidera pesquisas eleitorais em dois estados da Alemanha, aumentando chance de retorno ao poder.





Extrema direita lidera pesquisas eleitorais em estados alemães

O partido AfD (Alternativa para a Alemanha) lidera as pesquisas eleitorais em dois estados do país que vão às urnas neste domingo (1º). Esta é maior chance da extrema direita de voltar ao poder na Alemanha quase 80 anos após o fim do regime nazista.

A sigla deve ser a mais votada tanto na Saxônia quanto na Turíngia, que escolhem os membros de seus Parlamentos. Ambos faziam parte da Alemanha Oriental, oficialmente República Democrática Alemã, país comunista que existiu de 1949 a 1990.

A AfD é monitorada nacionalmente pelo serviço de inteligência interno da Alemanha por conta de seu caráter radical, e seus diretórios nesses dois estados são oficialmente considerados extremistas —ou seja, as autoridades alemãs consideram que seus objetivos políticos são incompatíveis com a democracia, o que pode abrir a porta para o banimento do partido.

Membros da legenda disseminam abertamente o discurso racista de que europeus brancos estão sendo substituídos por imigrantes e dizem que muçulmanos não têm lugar na sociedade alemã. Segundo os serviços de inteligência, mantêm contato com grupos neonazistas, principalmente por meio da juventude do partido, a JA (Jovem Alternativa).

Em janeiro, a imprensa local revelou que integrantes da cúpula da AfD se reuniram com neonazistas para discutir um plano de deportar milhões de pessoas da Alemanha para a África —tanto estrangeiros quanto cidadãos alemães descendentes de imigrantes. A revelação desencadeou semanas de protestos.

Repercussão

Nada disso, porém, vem afetando a popularidade do partido na Alemanha, especialmente no leste do país. O pleito na Saxônia e na Turíngia deve tornar o partido o mais votado em uma eleição pela primeira vez desde sua fundação, em 2013.

Entretanto, as pesquisas apontam que o partido não deve conseguir mais de 50% dos votos em nenhum dos estados. Isso implicaria depender de coalizões com outras forças políticas para chegar ao poder.

Desde que a AfD se tornou politicamente relevante, as outras agremiações da Alemanha se recusam a fazer alianças com o partido —um acordo tácito de formar uma espécie de cordão sanitário e impedir a sigla de efetivamente governar.

“Aqui na Turíngia, desde 2000, pesquisas sempre mostram que cerca de 20% da população compactua com visões chauvinistas, extremistas de direita, nacionalistas”, diz André Brodocz, cientista político da Universidade de Erfurt, capital do estado. “Mas essas pessoas nem sempre iam às urnas. A AfD conseguiu incentivá-las, pois agora se sentem representadas.”


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