Endividamento dos países ricos compromete crescimento econômico nas nações menos desenvolvidas, alerta presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento

O endividamento dos países ricos tem sido um tema de discussão cada vez mais frequente, especialmente no que diz respeito ao impacto negativo que pode ter sobre as nações em desenvolvimento. A presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, destacou em seu discurso na 9ª conferência anual da instituição, realizada na Cidade do Cabo, África do Sul, que essa situação compromete o crescimento econômico e prejudica as iniciativas de combate às desigualdades.

Dilma ressaltou que uma parte significativa dos capitais disponíveis no mercado financeiro é destinada a economias avançadas para emissão de títulos da dívida pública, dificultando assim a busca por recursos por parte dos países do Sul Global para reduzir a pobreza, investir em infraestrutura e garantir acesso a serviços básicos como educação e saúde. A presidenta também mencionou que as economias desenvolvidas acumulam uma dívida combinada de cerca de US$ 87 trilhões, o que impacta a liquidez nos mercados internacionais.

Com a predominância dos fluxos financeiros para os países mais ricos, as economias em desenvolvimento e subdesenvolvidas têm enfrentado dificuldades para obter recursos no mercado internacional e para renovar suas dívidas, resultando em taxas de juros mais elevadas. Dilma alertou que a dívida tornou-se um fardo excessivo para os países em desenvolvimento, comprometendo o espaço fiscal necessário para investimentos em desenvolvimento sustentável.

Para enfrentar essa questão, a presidenta do NDB apresentou duas sugestões durante seu discurso. A primeira é a canalização da liquidez internacional para os países em desenvolvimento e a redução das altas taxas de juros. A segunda sugestão é desenvolver alternativas, como financiamentos em moedas locais desvinculados do dólar, para ampliar o espaço fiscal para investimentos.

Além disso, Dilma destacou que o NDB está trabalhando para ampliar o volume de crédito em moedas locais para os países tomadores, visando fortalecer a resiliência econômica contra possíveis choques associados às decisões de política monetária. A instituição, que tem como membros originais Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, expandiu recentemente sua base para incluir Egito, Etiópia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã, formando o Brics+.

Fundado em 2014 e em funcionamento desde 2016, o NDB tem como objetivo financiar projetos de infraestrutura e sustentabilidade em países emergentes, competindo com outros bancos multilaterais. Em 2021, Emirados Árabes Unidos, Egito e Bangladesh aderiram ao NDB, e a instituição segue trabalhando para atrair mais países interessados em se tornar membros. A presidenta Dilma reforçou o compromisso do NBD em promover o desenvolvimento sustentável e oferecer financiamento verde para os países membros, como parte de suas prioridades.

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