Sequestro em Estocolmo: o caso que deu origem à “Síndrome de Estocolmo” e a arte da negociação em situações de crise.


Sobreviventes de Sequestro: A Síndrome de Estocolmo e a Arte da Negociação

No mundo dos sequestros, uma expressão se destaca: a Síndrome de Estocolmo. Essa condição, em que vítimas desenvolvem sentimentos positivos por seus sequestradores, surgiu em um evento marcante na Suécia, em 1973.

Kristin Enmark, uma jovem de 23 anos na época, foi mantida refém por seis dias em um banco juntamente com outras três pessoas, enfrentando a ameaça de um sequestro que chocou o país. Durante o episódio, Enmark relatou a insensibilidade de um dos sequestradores ao atirar na perna de um colega, enquanto ela o considerava covarde por poupar os ossos.

Essa inversão da moral em situações extremas é o cerne da Síndrome de Estocolmo, termo cunhado pelo psiquiatra Nils Bejerot após o incidente. Em casos posteriores, como o sequestro de Patty Hearst nos EUA, a teoria ganhou mais visibilidade, evidenciando a complexidade das relações entre sequestradores e vítimas.

A arte da negociação durante sequestros também foi aprimorada ao longo dos anos. Na década de 1970, os policiais de Nova York Frank Bolz e Harvey Schlossberg desenvolveram táticas de negociação para resolver esses casos com segurança, evitando confrontos armados e permitindo a formação de empatia entre sequestradores e reféns.

No caso sueco de 1973, a polícia não contava com esse conhecimento, o que resultou em erros que não seriam tolerados nos dias de hoje. A invasão do banco com gás lacrimogêneo chocou a população, mostrando a falta de preparo para lidar com situações de crise.

Apesar das controvérsias em torno da Síndrome de Estocolmo, sobreviventes como Kristin Enmark defendem que a reação durante um sequestro é uma questão de sobrevivência, não de simpatia pelos sequestradores. A interpretação psicanalítica europeia dessa condição é questionável, pois pode desvalorizar a coragem e resistência das vítimas.

Em um relato poderoso, Kristin Enmark rejeita a ideia de ser culpada pela síndrome de Estocolmo, enfatizando sua luta pela sobrevivência durante os seis dias de cativeiro. Sua história ilustra a complexidade das relações humanas em situações extremas e a necessidade de compreensão profunda antes de rotular as experiências das vítimas.

Artigo produzido por um jornalista especializado em crimes e segurança pública.


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