Míssil russo atinge maior gráfica da Ucrânia em meio a intensificação das batalhas no nordeste, deixando sete mortos e 21 feridos.





Evento literário na Ucrânia enfrenta desafios em meio à guerra

No último mês de maio, a maior gráfica da Ucrânia, localizada na cidade de Kharkiv, foi atingida por um míssil russo durante as intensas batalhas no nordeste do país. O ataque resultou na morte de sete pessoas e deixou 21 feridos, além de destruir cerca de 50 mil livros que jaziam com as páginas chamuscadas no chão da fábrica.

Em meio a esse cenário de conflito, teve início em Kiev a feira literária mais importante da Ucrânia, conhecida como Arsenal do Livro. O evento, que atraiu cerca de 10 mil pessoas por dia, enfrentou desafios de segurança devido à guerra em curso. Adaptações foram feitas, como a facilidade de acesso aos abrigos de emergência e a presença de um esquadrão antibomba e um psicólogo especializado em traumas para garantir o bem-estar dos visitantes.

A feira literária reflete as mudanças na produção literária ucraniana, especialmente no que diz respeito ao idioma. Após a anexação ilegal da Crimeia pela Rússia em 2014, houve um aumento significativo na preferência dos ucranianos pela leitura em sua língua nativa em detrimento do russo, que dominava o mercado editorial do país.

Autores como Svitlana Taratorina têm se destacado nesse cenário, utilizando suas obras para abordar questões como o imperialismo russo. Seus romances, como “Lazarus” e “Casa de Sal”, são alegorias das tensões políticas e territoriais na região.

Além disso, a produção literária contemporânea da Ucrânia reflete a realidade da guerra, com editoras lançando antologias de poemas como uma forma de expressão emocional diante dos conflitos em curso. Livros como “Eu me Transformo”, de Volodimir Vakulenko, e relatos de guerra de escritores como Victoria Amelina trazem à tona as tragédias vividas pelo povo ucraniano.

Apesar dos desafios e perdas, a diretora da Arsenal do Livro, Iuliia Kozlovets, reafirma o compromisso de continuar realizando a feira, destacando o papel da literatura na manutenção da identidade e na comunicação com outras culturas estrangeiras, para além das notícias de guerra.


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