Segundo relatos do líder indígena Ronaldo Amanayé, além do desmatamento, os indígenas estão sofrendo com o uso de agrotóxicos, poluição das águas e ameaças por parte de invasores. Além disso, eles enfrentam dificuldades de acesso às políticas públicas, com a Funai sendo praticamente ausente na região, atuando apenas quando os indígenas precisam de auxílio específico.
Um estudo recente do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostrou que a reserva Amanayé foi uma das mais afetadas nos últimos anos pela extração ilegal de madeira, com quase 3 mil hectares desmatados. O inquérito civil conduzido pelo Ministério Público Federal identificou 37 Cadastros Ambientais Rurais em nome de particulares, que estão utilizando as terras para atividades agropecuárias, forçando os indígenas a se dispersarem para se proteger.
A população indígena Amanayé, que era de 244 pessoas em 2022, atualmente conta com apenas 125 indivíduos, distribuídos em 26 famílias. Muitos indígenas deixaram a região devido aos conflitos e à falta de condições para continuar praticando um manejo sustentável da terra, sendo obrigados a migrar para as cidades em busca de trabalho.
Diante dessa situação, o procurador da República responsável pela ação destaca a necessidade urgente de identificação, delimitação e demarcação da área indígena, além da implementação de políticas públicas para garantir a sobrevivência e o bem-estar dos Amanayé. Ele também ressalta a importância de reparação financeira da ordem de R$ 3 milhões, a serem investidos em ações que beneficiem a comunidade indígena.
A história da reserva Amanayé remonta a 1945, mas a falta de conclusão do processo de demarcação e a pressão de fazendeiros sobre as terras têm colocado em risco a existência desse povo indígena. A falta de recursos e de pessoal na Funai tem sido apontada como um dos principais obstáculos para a resolução desse conflito. A comunicação feita pela Agência Brasil com a Funai não obteve resposta até o momento.
Em suma, a situação dos indígenas Amanayé é grave e requer ação imediata por parte das autoridades competentes para garantir a preservação de seu território e de sua cultura milenar. A omissão do Estado e a exploração ilegal de recursos naturais só contribuem para a perpetuação desse cenário de violência e injustiça.