Obra de Tarsila do Amaral é autenticada após polêmica na SP-Arte, confirmam sobrinha-bisneta e perito em entrevista ao Jornal Nacional.

Após quatro meses de controvérsias, a tela atribuída a Tarsila do Amaral que gerou polêmica durante a SP-Arte, feira de arte realizada em São Paulo no mês de abril, teve sua autenticidade confirmada nesta segunda-feira (19). A obra, intitulada “Paisagem 1925”, foi alvo de questionamentos por parte do mercado de arte, sendo inicialmente considerada falsa.

A confirmação da veracidade da obra foi feita pela sobrinha-bisneta da artista, Paola Montenegro, responsável legal pelo espólio, juntamente com o perito Douglas Quintale. Em contato com o Jornal Nacional, eles atestaram a autenticidade da peça. A Folha procurou a família, o perito e o galerista Thomaz Pacheco, responsável pela venda da obra, aguardando por um posicionamento oficial.

De acordo com a perícia realizada pelo comitê de certificação e catalogação, supervisionado pelos herdeiros de Tarsila, a pintura “Paisagem 1925” pertence à fase “Pau-Brasil” da artista, período em que ela residia em Paris, retratando paisagens representativas do Brasil.

A autenticidade da obra foi confirmada após exames físico-químicos e escaneamentos conduzidos em laboratórios, conforme informado pelos envolvidos em entrevista ao telejornal. A tela foi colocada à venda por Pacheco durante a SP-Arte por R$ 16 milhões, mas sua veracidade foi questionada por marchands consultados pela Folha, resultando na dificuldade de comercialização.

“Paisagem 1925” retrata casinhas entre coqueiros e apresenta semelhanças com outras obras da mesma fase da artista. O proprietário, que não teve sua identidade revelada, relatou que a pintura foi um presente de casamento de seus pais em 1960, proveniente de uma família da alta sociedade de São Paulo ligada às artes e com laços com os Amaral, familiares de Tarsila.

O quadro permaneceu na cidade de Zalé, no Líbano, desde 1976, resistindo aos ataques israelenses de 1981. Após ser resgatado e trazido para o Brasil recentemente, o proprietário justificou a decisão como uma precaução diante de possíveis conflitos futuros na região.

Pacheco, o galerista, explicou que a obra não consta do raisonné de Tarsila devido à sua ausência do Brasil no período em que o catálogo foi elaborado, na segunda metade dos anos 2000.

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