Análise sobre projeção de retorno com base no CDI

Ao longo dos últimos meses, muitos investidores têm usado o CDI como referência para projetar seus retornos financeiros. No entanto, é importante destacar que essa abordagem pode conter várias armadilhas que podem comprometer seriamente o planejamento financeiro e as expectativas de acumulação de patrimônio.

Um dos principais pontos a considerar ao projetar retornos com base no CDI é o impacto do Imposto de Renda. Muitos investidores esquecem que o CDI reflete uma rentabilidade bruta, sem considerar a dedução do IR. Portanto, projetar retornos sem levar em conta esse aspecto pode resultar em uma surpresa desagradável, com o montante final sendo menor do que o esperado.

Além disso, a rentabilidade do CDI é nominal e incorpora a inflação. Isso significa que projetar um ganho de 1% ao mês com base no CDI sem considerar o efeito corrosivo da inflação pode comprometer os objetivos financeiros de longo prazo.

Uma abordagem prudente para projetar retornos realistas para o longo prazo é considerar uma taxa real, descontada da inflação e do IR. Os títulos públicos federais indexados ao IPCA podem servir como um bom ponto de referência, oferecendo retornos líquidos reais em torno de 4,5% ao ano acima do IPCA.

É fundamental evitar projeções de retorno que impliquem um nível de risco considerável, visto que isso pode levar a uma exposição excessiva a ativos de alto risco. Projetar taxas reais líquidas de IR entre 4,5% e 8% ao ano para o longo prazo é uma abordagem mais segura e sustentável.

No cenário atual, há oportunidades para investidores que buscam retornos sólidos e isentos de IR em ativos como títulos corporativos de alta qualidade ou fundos de infraestrutura. Projetar retornos de forma realista, com base em taxas líquidas e reais, é essencial para um planejamento financeiro bem-sucedido e para alcançar os objetivos desejados, como uma aposentadoria confortável e segura.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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