Peixes Pulmonados da América do Sul: Fósseis Vivos

A América do Sul abriga uma das espécies mais extraordinárias e antigas do reino animal: os peixes pulmonados. Considerados fósseis vivos, esses animais habitam águas paradas em diversos países, mantendo grande similaridade com seus ancestrais que viveram há mais de 400 milhões de anos.

Um dos representantes mais conhecidos é a Lepidosiren paradoxa, uma espécie de água doce que se destaca pelo seu gigantesco genoma. Cientistas recentemente finalizaram o sequenciamento completo do genoma desse peixe, revelando que ele é cerca de 30 vezes maior do que o genoma humano.

Para se ter uma ideia do tamanho desse genoma, se fosse esticado como um novelo de lã, o DNA de cada célula desses peixes teria impressionantes 60 metros, enquanto o genoma humano teria apenas dois metros.

O biólogo evolucionista Igor Schneider, da Louisiana State University, afirmou que o genoma do peixe pulmonado sul-americano cresceu significativamente nos últimos 100 milhões de anos, adicionando o equivalente a um genoma humano a cada 10 milhões de anos. A maioria dos cromossomos desses peixes é individualmente maior do que todo o genoma humano, destacou Schneider.

Outra curiosidade é que apesar do tamanho gigantesco, existem plantas com genomas ainda maiores, como a samambaia Tmesipteris oblanceolate, com um genoma mais de 50 vezes maior que o humano.

Os peixes pulmonados, que chegam a 1,25 metros de comprimento, possuem órgãos semelhantes a pulmões e conseguem respirar oxigênio do ar em ambientes pantanosos. A grande expansão do genoma desses animais está relacionada à presença de elementos repetitivos, que compõem cerca de 90% do genoma.

Esse estudo avança no entendimento da biologia e estrutura do genoma, identificando mecanismos que controlam o tamanho e mantêm a estabilidade cromossômica. Os peixes pulmonados são verdadeiras relíquias vivas, proporcionando insights fascinantes sobre a evolução animal.