Segundo Valim, as emendas impositivas, criadas a partir de 2015 durante a presidência de Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados, violam o núcleo da Constituição, em especial o Artigo 60, parágrafo 4º, que é considerado cláusula pétrea, ao transferir parte da execução do Orçamento da União para o Congresso Nacional. Dessa forma, o Legislativo passou a ter autonomia para determinar o destino de uma parcela significativa das receitas públicas, o que, segundo Valim, compromete a separação dos poderes estabelecida pela Constituição.
Para o especialista, a discussão sobre a transparência e rastreabilidade dos recursos desviou o foco do debate principal, que é a impositividade das emendas parlamentares. Ele ressalta que a Constituição original não previa essa impositividade e que o Executivo tinha a prerrogativa de decidir se executava ou não as emendas indicadas pelos parlamentares. Com a ação do PSOL, busca-se restabelecer o modelo original da Constituição, no qual o Executivo detém o controle sobre a execução do Orçamento.
Além disso, a peça protocolada no Supremo Tribunal Federal argumenta que as emendas impositivas criaram um regime semipresidencialista no Brasil, o que vai contra os princípios constitucionais e dificulta o planejamento e a coordenação das políticas públicas. A decisão liminar do ministro do STF, Flávio Dino, suspendendo o pagamento das emendas até que medidas de transparência sejam estabelecidas, gerou repercussões no Congresso Nacional, com críticas de parlamentares e partidos que questionam a intervenção do Judiciário sobre o Legislativo.
O debate em torno das emendas parlamentares impositivas segue em destaque no cenário político brasileiro, com diferentes atores defendendo suas posições e buscando soluções para garantir a conformidade com a Constituição e a eficiência na execução do Orçamento público. A decisão final do STF sobre a constitucionalidade dessas emendas promete trazer novos desdobramentos e impactos na relação entre os poderes Executivo e Legislativo.