Setor financeiro é mais otimista que setor não financeiro em relação às expectativas inflacionárias, diz presidente do Banco Central.

Durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez uma declaração surpreendente sobre as expectativas inflacionárias do país. Segundo ele, o setor financeiro está mais otimista em relação à inflação do que o setor não financeiro, indo contra o senso comum sobre o tema.

Essa afirmação foi baseada em uma pesquisa inicial chamada Firmus, divulgada esta semana pelo BC, que consultou 92 empresários de setores não financeiros. O levantamento ainda está em sua fase piloto, mas já mostra resultados interessantes. O setor não financeiro engloba empresas e atividades econômicas que não estão diretamente ligadas aos serviços financeiros, como indústria, comércio, serviços e agricultura.

Campos Neto explicou que a pesquisa Firmus foi realizada para responder às críticas feitas a outras pesquisas, como o Boletim Focus, que consultam empresas financeiras que podem lucrar com a alta dos juros. Segundo ele, a Pesquisa Firmus consultou empresas do setor não financeiro, trazendo uma visão diferente sobre as expectativas de inflação.

Os resultados da Firmus mostraram que as empresas do setor não financeiro são mais pessimistas em relação à inflação do que o mercado financeiro. Em maio de 2024, a expectativa de inflação para o ano era de 4% de acordo com a Firmus, enquanto o Boletim Focus previa 3,89%. Para 2025, as previsões eram de 4% e 3,77%, respectivamente.

Durante a audiência, alguns parlamentares criticaram a política monetária do BC, questionando a não utilização das reservas cambiais para desestimular a valorização do dólar e consequente aumento dos juros. Campos Neto defendeu sua posição, afirmando que o BC intervém no câmbio apenas em momentos de estresse e que não havia justificativa para essa ação.

Quanto às perguntas sobre empresas offshore ligadas a ele, Campos Neto se recusou a responder, afirmando que prestou contas ao Comitê de Ética do Banco Central. No geral, a audiência foi marcada por debates acalorados e revelações surpreendentes sobre as expectativas inflacionárias do país.

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