Gabinete de Alexandre de Moraes ordenou produção de relatórios pela Justiça Eleitoral, revelam mensagens

O gabinete de Alexandre de Moraes no STF é alvo de polêmica após a divulgação de mensagens que indicam a ordem não oficial para a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral. Esses relatórios eram utilizados para embasar decisões do próprio ministro contra bolsonaristas no inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal durante e após as eleições de 2022.

Diálogos obtidos pela reportagem mostram como o setor de combate à desinformação do TSE foi utilizado como um braço investigativo do gabinete de Moraes, presidido à época pelo ministro, para auxiliar em investigações no STF. As mensagens revelam um fluxo que fugia do rito oficial entre os dois tribunais, gerando questionamentos sobre a legalidade das ações.

A Folha teve acesso a mais de 6 gigabytes de mensagens e arquivos trocados via WhatsApp por auxiliares de Moraes, incluindo seu principal assessor no STF e membros da equipe no TSE e no Supremo.

Os diálogos revelam momentos de irritação de Moraes com a demora no atendimento às suas ordens e mostram como os pedidos informais eram intermediados por integrantes do gabinete do ministro.

Um dos principais focos das investigações era o jornalista Rodrigo Constantino, apoiador de Jair Bolsonaro, cujas postagens eram alvo de análise e posterior ação por parte do STF, incluindo quebra de sigilo bancário e cancelamento de passaportes.

As mensagens abrangem um período de agosto de 2022 a maio de 2023 e mostram a atuação direta de Moraes e de seus assessores na solicitação e produção de relatórios enviados pela Justiça Eleitoral para embasar ações no âmbito do inquérito das fake news.

Essa revelação lança luz sobre o conturbado inquérito das fake news, iniciado em março de 2019 e que tem sido alvo de críticas e elogios desde então. A utilização de relatórios produzidos de forma não oficial para embasar medidas extremas contra apoiadores do governo levanta questionamentos sobre a legalidade e a transparência do processo.

A atuação de Moraes à frente do TSE e dos inquéritos no STF tem sido motivo de debates acalorados, sendo inclusive alvo de questionamentos por parte de figuras públicas internacionais, como Elon Musk. A divulgação dessas mensagens agora traz à tona um novo capítulo dessa controvérsia, revelando a dinâmica de bastidores que envolvia o gabinete do ministro.

O caso coloca em cheque a independência e imparcialidade do Judiciário, levantando discussões sobre o papel dos tribunais e a forma como as investigações são conduzidas no país.