China busca garantir suprimento de minerais críticos através da mineração em águas profundas: uma nova corrida pelos tesouros oceânicos.




Mineração em águas profundas: a nova corrida do ouro do século XXI

Mineração em águas profundas: a nova corrida do ouro do século XXI

No fundo do oceano, trilhões de nódulos de níquel, cobre, cobalto e manganês aguardam para serem explorados. Empresas há muito tempo têm o desejo de minerá-los, uma vez que esses “minerais críticos” são essenciais para a eletrificação da economia global e para reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

Contudo, a regulamentação da mineração em águas profundas ainda está em discussão na ISA (Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos), órgão da ONU. Enquanto alguns grupos ambientais defendem uma proibição total, apoiadores e críticos debateram essa questão em uma reunião realizada na Jamaica, entre os dias 29 de julho e 2 de agosto.

A demanda por minerais críticos pode mais do que dobrar até 2040, comparado com 2020, de acordo com a Agência Internacional de Energia. A China desempenha um papel fundamental nesse aumento, uma vez que é responsável pela fabricação da maioria dos painéis solares, carros elétricos e baterias do mundo, todos dependentes desses minerais.

No entanto, a China enfrenta desafios devido à necessidade de importar muitos desses minerais críticos de outros países, como África do Sul, Gabão, Austrália, República Democrática do Congo, Filipinas e Indonésia. Essa dependência preocupa as lideranças chinesas, que temem interrupções no fornecimento por questões políticas ou pressão de rivais, como os Estados Unidos.

Diante disso, a China tem investido na ISA, financiando o órgão e buscando influenciar decisões relacionadas à mineração em águas internacionais. A presença chinesa na ISA tem preocupado alguns países ocidentais, que veem a China como um potencial dominador da indústria de mineração em águas profundas.

As empresas chinesas, como a China Ocean Mineral R&D Association e a China Minmetals, estão ansiosas para iniciar as operações de mineração em áreas como a Zona Clarion-Clipperton, que possui quantidades expressivas de minerais críticos. A tecnologia chinesa ainda não é líder no setor, mas avança rapidamente, como demonstrado pelo robô de teste enviado pela Universidade Jiao Tong de Xangai, capaz de coletar material a profundidades superiores a 4.000 metros.

Apesar do potencial econômico da mineração em águas profundas, grupos ambientais levantam preocupações sobre os impactos negativos dessa prática no ecossistema marinho e a falta de responsabilidade das empresas mineradoras. Além disso, existe o receio de que a mineração em águas profundas possa ser utilizada para atividades menos pacíficas, como exploração militar no oceano profundo.

Com tantos interesses em jogo, a mineração em águas profundas é tema de debate e conflito de interesses entre potências globais, destacando a importância estratégica dos minerais críticos para a economia global e a segurança nacional de muitos países.

Folha Mercado

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Em resumo, a corrida por minerais críticos nas águas profundas representa um desafio complexo que envolve questões ambientais, econômicas e geopolíticas, com potencial para redefinir as relações internacionais e a sustentabilidade do planeta.

Texto adaptado de The Economist, traduzido por Helena Schuster. Fonte: www.economist.com


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