Comissão Parlamentar de Inquérito estuda foco no Superior Tribunal de Justiça Desportiva
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas está considerando direcionar seu foco para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD). Durante os depoimentos realizados nesta quarta-feira (7), senadores criticaram duramente algumas decisões recentes do tribunal, incluindo a suspensão de 6 anos e multa de aproximadamente R$ 2 milhões ao dono da SAF do Botafogo, John Textor, por acusações de manipulação no futebol brasileiro.
O presidente do colegiado, Jorge Kajuru (PSB-GO), juntamente com o relator da CPI, senador Romário (PL-RJ), e o senador Carlos Portinho (PL-RJ) defenderam a convocação de membros do STJD para esclarecimentos.
Durante a oitiva do presidente do Vila Nova Futebol Clube, major Hugo Bravo, surgiram denúncias sobre manipulação de resultados de partidas, sendo o clube o primeiro a expor essas suspeitas. A Operação Penalidade Máxima, conduzida pelo Ministério Público de Goiás, teve início após relatos de um jogador aliciado para cometer um pênalti em um jogo contra o Sport, pela Série B do Campeonato Brasileiro.
Os senadores questionaram a disparidade entre as punições aplicadas pelo STJD, destacando o caso de Marcos Vinicius Alves Barreira, banido do futebol, em comparação com outras sanções mais brandas para situações semelhantes.
PCC
O ex-administrador da Santa Casa Global Brasil, Ricardo Gonçalves, também foi ouvido durante a reunião da CPI para esclarecer denúncias envolvendo uma suposta dívida da filial brasileira da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Gonçalves negou as acusações e apontou que as notícias veiculadas pela imprensa portuguesa e brasileira eram infundadas.
O depoimento de Gonçalves levantou questionamentos sobre a transparência nas operações da Santa Casa Global, com o senador Carlos Portinho pedindo mais investigações sobre sócios de empresas envolvidas com a filial da instituição portuguesa.
Padrões de Integridade
O presidente da SIGA Latin America, Emanuel Medeiros, participou da reunião por videoconferência para discutir a implementação de padrões de integridade no esporte. A parceria firmada entre SIGA e CBF busca garantir a governança e transparência nas atividades esportivas, visando coibir casos de manipulação.
O senador Carlos Portinho criticou a inércia da CBF em implementar ações efetivas de conformidade e governança para evitar situações de corrupção no futebol brasileiro, evidenciando possíveis vulnerabilidades no sistema.
Quebra de Sigilo
Por fim, a CPI aprovou a inclusão de Wesley Cardia, ex-presidente da Associação Nacional de Jogos e Loteria, como investigado com a quebra de seu sigilo fiscal, bancário, telefônico e telemático. Cardia foi convocado anteriormente, mas optou pelo silêncio diante das acusações de corrupção.
Esses desdobramentos na CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas revelam a profundidade das investigações em curso e a gravidade das denúncias levantadas.