Segundo relatos do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a investida dos homens fortemente armados aconteceu logo após perfis ruralistas divulgarem nas redes sociais que os indígenas haviam invadido fazendas da região. As ocupações fazem parte da estratégia dos guarani-kaiowá para pressionar o governo federal a finalizar o processo de demarcação das terras que reivindicam como suas.
A área em questão, conhecida como Retomada Yvy Ajere, está localizada no interior da Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica e tem sido alvo de constantes conflitos entre indígenas e não indígenas. A violência não é um fato isolado, visto que no sábado (3) outro ataque a indígenas acampados na região foi registrado, resultando em pelo menos oito feridos.
A situação na região é tensa, com a presença ostensiva de caminhonetes, tratores e automóveis, além de relatos de violência armada contra os indígenas. O processo demarcatório das terras indígenas em Mato Grosso do Sul tem sido marcado por recursos judiciais e disputas políticas, gerando insegurança e conflitos constantes.
Diante desse cenário, tanto as comunidades indígenas quanto os produtores rurais se veem como vítimas de uma situação que se arrasta há décadas. A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) cobra uma solução para a insegurança jurídica no campo, ressaltando a necessidade de respeito aos direitos de ambas as partes envolvidas.
A violência contra os indígenas em Douradina é um reflexo das injustiças históricas e da falta de resolução dos conflitos fundiários na região. A urgência na demarcação e proteção das terras indígenas se faz cada vez mais evidente diante dos recorrentes ataques e da violação dos direitos dessas comunidades tradicionais.