Indústria baleeira: a brutalidade por trás da caça às baleias em escala industrial no século 19 até hoje.




Caça às baleias: uma prática brutal que persiste até hoje

A caça às baleias: uma prática desumana que persiste no século 21

A tecnologia que tornou viável a caça às baleias em escala industrial começou a ser desenvolvida ainda no século 19 e mudou relativamente muito pouco ao longo das décadas. Não há nada de muito sutil nela, a começar pelo fato de que tudo começa com uma granada.

O explosivo fica na ponta de um arpão —basicamente uma lança— que é disparado por uma espécie de canhão dos navios baleeiros. Ao penetrar no corpo da baleia, enfiando-se nas camadas de couro, gordura e carne, a granada explode. Com isso, farpas do arpão, semelhantes à estrutura de metal de um guarda-chuva, abrem-se dentro do corpo do cetáceo, fixando o objeto lá dentro.

Feito um pescador que usa o molinete para puxar um lambari para perto da sua vara, o operador do canhão vai, então, tracionando a baleia até o navio, onde a carcaça do bicho já será processada.

Digo “carcaça” porque se supõe que o impacto e a explosão, se devidamente mirados para acertar a cabeça, seriam suficientes para matar o animal rapidamente. No entanto, um levantamento feito na Islândia (uma das poucas nações baleeiras ainda na ativa) sugere que mais de 30% das presas caçadas por esse método sobrevive ao primeiro impacto. Diversas baleias têm de ser atingidas por múltiplos arpões, e algumas levam mais de uma hora para morrer.

A brutalidade da caça às baleias

Cenas como essas, que apareciam com alguma frequência em telejornais e documentários quando eu estava crescendo, voltaram-me à cabeça quando li nesta semana que o Japão decidiu ampliar suas atividades de caça comercial dos animais, abrangendo agora mais uma espécie, a baleia-fin ou baleia-comum (Balaenoptera physalus). A frota japonesa hoje mata centenas de baleias todos os anos.

No oceano de cinismo em que estamos mergulhados em 2024, dizer “Salvem as baleias!” talvez pareça a coisa mais démodé do Universo, uma relíquia bobinha da Idade da Pedra do ambientalismo. Ainda assim, certas coisas não deixam de ser verdadeiras só porque soam fora de moda.

Razões para repensar a caça às baleias

  1. Nenhum matadouro do mundo civilizado continuaria aberto com a taxa de insucesso de abate rápido da indústria baleeira. Para as baleias “mal-arpoadas”, a situação não passa de uma forma refinada de tortura;
  2. O impacto da carne obtida dessa maneira para a segurança alimentar dos países baleeiros é nulo;
  3. O argumento “cultural” definitivamente deixou de valer como justificativa para a caça industrial praticada por islandeses, noruegueses e japoneses;
  4. Matar baleias para consumo da carne, desse ponto de vista, não difere de querer comer hambúrguer de chimpanzé;
  5. Ainda estamos longe de recuperar a população de baleias pré-caça industrial, incluindo o papel delas nos ecossistemas marinhos.

Não é sentimentalismo reconhecer que certos limites não devem ser cruzados; que a capacidade de tirar vidas não humanas não deve ser usada por capricho. E poucos casos são mais claros do que esse.

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