O massacre dos Muckers: a Revolta que marcou a história da imigração alemã no sul do Brasil em 1874




Revolta dos Muckers no Sul do Brasil

Revolta dos Muckers no Sul do Brasil

Em 2 de agosto de 1874, tropas do Exército executaram 13 homens e quatro mulheres numa vila de São Leopoldo, cidade pioneira da imigração alemã no sul do país. Era o fim do movimento mucker: comumente chamado de “Revolta dos Muckers” —embora o termo seja controvertido—, esse conflito armado marcou o Rio Grande do Sul.

O local da chacina, o Morro Ferrabrás, hoje faz parte de Sapiranga, município independente de São Leopoldo. Embora a história tenha fundo religioso, ela revela facetas das primeiras décadas das famílias germanófonas em território brasileiro.

“Foi um movimento sociorreligioso”, define o historiador Daniel Luciano Gevehr, professor das Faculdades Integradas de Taquara e diretor de patrimônio cultural da Secretaria de Turismo, Cultura e Desporto da prefeitura de Sapiranga.

Jacobina Mentz Maurer

Jacobina era neta desses fundadores. Casou-se com o carpinteiro João Jorge Maurer e com ele se mudou para Ferrabrás, onde trabalhavam como carpinteiros. Lá, ela começou a receber outros moradores em sua casa, para rezas ao estilo mucker. Esse é o ponto religioso da questão.

“Ela fazia leituras e pregações, lia a Bíblia em alemão e organizava cultos domésticos na sala de sua casa”, relata Gevehr. O marido, conhecedor de ervas medicinais, acabou ficando famoso como “Wunderdoktor” (doutor milagroso). E, na falta de médicos à disposição, fazia as vezes de curandeiro da comunidade.

“Diversos fatores estavam presentes”, comenta o historiador. “Religiosos, porque pastores e padres [da região] ficam descontentes por conta das práticas. Havia descontentamento dos próprios médicos em função das práticas de João Jorge Maurer. E também questão de terra e de fundo político.”

Tensões crescentes em torno dos muckers

Mas os conflitos não começaram da noite para o dia, evidentemente. Os muckers eram uma comunidade de cerca de 150 integrantes, colonos estabelecidos aos pés do Morro Ferrabrás. Mas, como frisa a historiadora Janaína Amado, o número de simpatizantes pode ter chegado a mil — numa colônia que não contava mais do que 14 mil habitantes.


Sair da versão mobile