Crise política na Venezuela provoca êxodo de cidadãos em busca de segurança e liberdade no Equador

Em tempos de crise política na Venezuela, os relatos de quem viveu de perto o caos são impactantes. Miguel Becerra, fotógrafo de 35 anos, compartilhou sua experiência ao participar das manifestações contra o governo. “Eu tentei exercer minha vontade contra o governo e, ao ver que não estava sendo resolvido e que havia muitas mortes, decidi deixar o país”, desabafa.

Becerra retornou ao país em 2020, movido pela esperança de mudanças positivas. No entanto, diante do cenário atual, ele considera emigrar novamente, desta vez para o Equador. “Não estou trabalhando porque, na verdade, o medo de sair é grande”, revela o fotógrafo, temendo a violência das milícias conhecidas como colectivos.

Outro morador, um comerciante que prefere manter sua identidade em segredo por medo de retaliações, destaca a atmosfera de silêncio e medo que permeia a sociedade: “Se dissermos uma coisa, uns vêm; se dissermos outra, outros vêm. Há retaliações. É melhor manter a boca fechada”, afirma, simbolicamente passando um zíper pelos lábios.

Alexander Camargo, 50 anos, recorda os tempos de violência extrema que assolavam a região, comparando a situação local com um verdadeiro inferno. “Aqui você era morto por um boné ou por um par de sapatos. Era pior que no Paquistão, com pistolas automáticas. As crianças reconheciam as armas pelo som”, descreve.

Em meio a essa atmosfera tensa, moradores brincam para amenizar a tensão. Uma vizinha comenta sobre o receio de ser presa devido às suas ideias políticas: “O cardápio não é muito bom”, ironiza, mostrando os desafios enfrentados diariamente.

Sair da versão mobile