Polícia Federal indicia 117 investigados da Máfia das Creches em SP e investiga relação do prefeito Ricardo Nunes com empresa do esquema.






Matéria sobre Indiciamento na Operação Máfia das Creches

Polícia Federal Indicia 117 Investigados na Operação Máfia das Creches em São Paulo

Por João Silva – 01 de setembro de 2021

A Polícia Federal indiciou 117 investigados da Máfia das Creches – suposto desvio de verbas públicas destinadas ao atendimento de crianças de zero a três anos no município de São Paulo – e pediu à Justiça Federal autorização para abrir um inquérito específico sobre a relação do prefeito Ricardo Nunes (MDB) com uma empresa noteira do esquema que movimentou R$ 162.965.770,02. O envolvimento de Nunes teria ocorrido quando exercia o mandato de vereador paulistano, em 2018.

Segundo informações da PF, o prefeito Ricardo Nunes é investigado por suposta ligação com uma das principais empresas atuantes no esquema criminoso de desvio de verba pública do município de São Paulo. A empresa em questão, Francisca Jacqueline Oliveira Braz Eireli, teria movimentado uma quantia significativa durante o período de afastamento bancário, juntamente com a Organização Social Associação Amiga da Criança e do Adolescente.

O delegado Adalto Ismael Rodrigues Machado, da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários, destaca a suspeita de relação entre Nunes e a Máfia das Creches, um esquema complexo que desviava valores públicos, incluindo verbas federais, por meio de Organizações Sociais e Mantenedoras de Centros de Educação Infantil e creches que tinham contrato com a Prefeitura de São Paulo.

De acordo com as investigações, o esquema contava com a participação de escritórios de contabilidade para fraudar Guias da Previdência Social em nome das organizações sociais, além do envolvimento de empresas de fornecimento de serviços e materiais atuando como ‘noteiras’, emitindo notas fiscais frias para dar falsa legalidade ao dinheiro desviado.

A empresa Francisca Jacqueline Oliveira Braz Eireli, identificada como uma das noteiras ligadas à Máfia das Creches, transferiu valores para Ricardo Nunes, incluindo o pagamento de dois cheques e outras transações financeiras. O prefeito prestou esclarecimentos à PF sobre os valores recebidos, alegando que correspondiam a serviços prestados pela empresa Nikkey, da qual ele era sócio.

Os investigadores ressaltam a importância de aprofundar as investigações sobre a suposta ligação de Nunes com a Máfia das Creches. A PF também aponta transações entre a Associação Amiga da Criança e do Adolescente e a empresa noteira, além de identificar registros que ligam a presidente da associação à empresa Nikkey.

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) recebeu informações de movimentações suspeitas nas contas de Ricardo Nunes e das empresas relacionadas, levantando questionamentos sobre a origem dos recursos e a compatibilidade com a capacidade financeira dos envolvidos.

No decorrer do inquérito, Ricardo Nunes tentou deslocar as investigações para o Tribunal Regional Federal da 3ª Região, alegando foro privilegiado como prefeito. No entanto, o pedido foi negado e o caso permanece sob a alçada da 8ª Vara Federal Criminal de São Paulo.

Comentário da Assessoria de Ricardo Nunes

A assessoria do prefeito Ricardo Nunes declarou que ele prestou todos os esclarecimentos necessários durante o processo e reforçou que não houve qualquer acusação formal contra ele. As transações financeiras em questão foram atribuídas a serviços prestados pela empresa Nikkey, cujos documentos comprobatórios não puderam ser localizados.

Nunes alegou que a contabilidade da empresa registrou notas fiscais para a empresa noteira, mas não encontrou os documentos que comprovassem os serviços prestados. O prefeito destacou que está colaborando com as investigações e acredita na correção de suas ações.

Palavra dos Indiciados

Até o momento, não foi possível contatar os indiciados para comentar o caso. O espaço está aberto para manifestações futuras.


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