Jornalista chinês Hu Xijin é suspenso de plataformas de mídia social após postagem controversa sobre política econômica do país.







Jornalista Chinês Hu Xijin Suspenso das Redes Sociais

O renomado e às vezes polêmico jornalista chinês, Hu Xijin, teve sua última postagem em mídias sociais publicada no sábado passado (27). Atualmente, ele é colunista de vídeo no Global Times, o jornal oficial que editou até três anos atrás, mas se tornou principalmente influenciador, mantendo perfis atualizados diariamente ou até mais frequentemente no WeChat, Weibo e Douyin, o TikTok original, entre outras plataformas.

Internautas chineses já vinham compartilhando capturas de tela que confirmavam a suspensão quando o jornal Sing Tao Jih Pao, de Hong Kong, o entrevistou na terça-feira (30). “Eu, pessoalmente, não quero falar nada”, disse ele. “Você só precisa ler as coisas na internet. Por favor, entenda.”

De acordo com o jornal, a punição foi decorrente de uma postagem feita no dia 22, na qual ele comentava a Terceira Plenária, uma reunião de aproximadamente 400 líderes do Partido Comunista da China para definir diretrizes econômicas. O problema de Hu foi ter elogiado a remoção da menção à propriedade estatal como “esteio” do país, no comunicado da reunião, interpretando isso como um sinal de maior importância para a iniciativa privada.

Em seu texto, ele afirmava que “a percepção, a atitude e a narrativa da sociedade chinesa em relação a várias formas de propriedade darão um grande passo à frente”.

A postagem foi removida após questionamentos de outros internautas, inclusive de perfis acadêmicos no WeChat, que acusaram Hu de distorcer informações e confundir o público, em relação a uma questão fundamental do país e do partido.

A suspensão repercutiu em outros jornais da Grande China, como o Lianhe Zaobao de Singapura, e chegou à imprensa de língua inglesa na Índia e nos Estados Unidos, onde a Foreign Policy apontou censura.

Os internautas chineses afirmam que Hu ficará 30 dias fora das plataformas mencionadas, incluindo o Toutiao, portal de notícias da Bytedance, e o Kuaishou, concorrente do Douyin em vídeos curtos. Alguns comentam que, sendo jornalista há muitos anos, ele tem um forte senso político e conseguirá superar essa situação.

Antes de deixar a chefia do Global Times/Huanqiu, onde ficou por 16 anos liderando o tabloide ligado ao Partido Comunista Chinês, Hu foi um grande defensor de uma política externa de confronto com os Estados Unidos, inclusive defendendo um aumento no armamento nuclear. No entanto, ele também participou dos protestos na Praça Tiananmen quando jovem, e posteriormente reavaliou suas posições críticas. Ele construiu sua reputação como correspondente de guerra.

Desde então, Hu tem apresentado uma postura mais moderada em suas opiniões nas redes sociais, embora mantendo um tom crítico. Ele agora questiona o “esquerdismo” e até o “excessivo nacionalismo” em textos considerados controversos.

Recentemente, ao comentar sobre a chinesa que faleceu ao defender uma mãe e sua filha japonesas de um ataque com faca em Suzhou, ele pediu maior reconhecimento para a “heroína popular”, ao mesmo tempo em que apelou por uma cobertura mais transparente da mídia em casos sensíveis desde o início.

Para Hu, a mídia desempenha um papel crucial na governança e não deve ser marginalizada em momentos essenciais. Ele alerta contra o extremismo ideológico e busca promover uma compreensão mais abrangente das questões complexas da atualidade.

Outros jornalistas chineses, como Wang Zichen, ex-agência Xinhua e atualmente no Centro para China e Globalização, elogiaram as palavras de Hu, reconhecendo sua importância no panorama midiático chinês.


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