Golpe malogrado na Venezuela: Empresário autodeclarado presidente dura dois dias antes de retorno do coronel. Maduro acusa conspiração internacional.




Artigo Jornalístico

Para lembrar: Estanga é um empresário, que se juntou a militares para depor Chávez, autodeclarando-se presidente. Ficou “no cargo” por dois dias. O coronel voltou. Sem dúvida, tratou-se de um golpe malogrado. E o que se passa agora na Venezuela não tem nenhuma relação com aquela patuscada. É tática manjada associar os adversários ao Belzebu — ele mesmo os chamou de “demônios” e “demônias” — para justificar a repressão. E eis Maduro, mais uma vez, a evocar o tal “banho de sangue”:
“Esta é uma revolução armada dos militares e do povo (…) Estamos aqui porque temos uma causa, queremos que tudo continue constitucional e pacífico. A Venezuela, neste momento, está em paz. Quiseram nos impor um roteiro a partir dos Estados Unidos e da direita internacional. Quem mexe comigo se dá mal. Elon Musk está todo assustado… Bolsonaro, [Javier] Milei, [Daniel] Noboa [presidente do Equador], o repressor assassino [Nayibi] Bukele [presidente de El Salvador], o Vox, os traficantes de drogas da Colômbia, [Gustavo] Uribe, [Iván] Duque [ex-presidentes da Colômbia]… Eles vêm em busca da joia da coroa [a Venezuela]. Não queremos ir para outras formas de fazer revolução; queremos continuar o caminho que Chávez traçou, mas, se o imperialismo e os fascistas nos forçarem, meu Deus! O pulso não hesitará a chamar o povo a uma nova revolução, com outras características”.

Não duvido de que esses direitistas e conservadores não gostem de Maduro, incluindo os membros do Vox, partido da extrema-direita espanhola. Ou Musk, que andou batendo boca com o tirano nas redes. Mas onde está a armação? Tudo indica que os únicos que “conspiraram” contra o ditador foram os eleitores.

Como se lê acima, ele diz que tentam lhe impor um roteiro. O dele já está pronto. Citando o procurador-geral Tarek William Saab, um de seus esbirros, anunciou admitiu a existência de mais de mil presos e detenção de um suposto sabotador, ainda no dia da eleição, que pretenderia atacar a hidrelétrica de Guri:
“Esse era o objetivo. Imaginem um país sem energia elétrica no domingo e na segunda-feira. Acordaram com uma contrarrevolução criminosa e fascista”.

E que saída, que saída não é, Maduro ofereceu?
“Hoje fui com a Constituição nas mãos ao TSJ [Tribunal Superior de Justiça]. Esse assunto deve ser resolvido com as instituições venezuelanas. Pedi à Câmara Eleitoral [do TSJ] que estabeleça claramente os resultados que me dão como vencedor na eleição; um processo eleitoral que incluiu 16 auditorias (…) Coloquei-me à disposição para ser submetido a qualquer interrogatório ou investigação.”

E emendou:
“Estamos prontos para entregar 100% das atas ao TSJ quando a Câmara Eleitoral assim o exigir”

Também o tribunal é um braço do chavismo. Como se nota, ele está pronto para ser interrogado e investigado pelo ente que ele mesmo controla.


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