Lei para pensão de ex-hansenianos é aprovada, mas regulamentação atrasa beneficiando apenas 100 pessoas, enquanto história familiar revela traumas.

Recentemente, Ruth compartilhou sua história de esperança e frustração. A aprovação da lei lhe trouxe a expectativa de receber a pensão devida, porém, a demora na regulamentação do decreto presidencial tem impedido que qualquer benefício seja concedido. A realidade é que nenhum dos filhos de hansenianos foi contemplado até o momento. De acordo com o Morhan, cerca de 100 pessoas que estavam na lista para receber o auxílio faleceram desde novembro. É importante ressaltar que essa pensão não será repassada aos herdeiros ou dependentes.

Na narrativa de Ruth, é possível compreender a tristeza de uma família marcada pela hanseníase. Seu pai era portador da doença, e sua mãe, mesmo sem ser contaminada, viveu por muitos anos junto ao marido em um hospital-colônia, onde deu à luz a 14 crianças. Todos os filhos foram retirados do convívio familiar, sendo a maioria enviada para um educandário em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Ruth relembra as tentativas de sua mãe de esconder os bebês na lavanderia, onde trabalhava na colônia, porém em vão. As crianças acabavam sendo levadas para orfanatos, sem que suas mães tivessem qualquer tipo de escolha.

Ruth (bebê) e os irmãos no orfanato onde foram criados Imagem: Arquivo pessoal

Os relatos dolorosos de Ruth sobre sua infância no orfanato trazem à tona a realidade de abusos, negligência e solidão que enfrentou. Aos oito anos, ela finalmente pôde sair da instituição e começar a desvendar o mundo fora dos muros do educandário. Entretanto, os desafios persistiram, com a necessidade de lidar com o preconceito por ser filha de um pai portador de hanseníase, tanto na escola quanto na sociedade em geral.

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