Universidade de Brasília concede título de geólogo a Honestino Guimarães em cerimônia emocionante e póstuma, após 53 anos de desaparecimento.

Em um momento marcante e emocionante, a Universidade de Brasília (UnB) realizou uma cerimônia especial nesta sexta-feira (26) para conferir o diploma de geólogo ao estudante Honestino Guimarães, um desaparecido político que foi perseguido durante a ditadura militar e cujo paradeiro nunca foi desvendado. Como uma figura proeminente na liderança estudantil, Honestino foi preso em 1965 e viveu escondido nos anos seguintes até seu sequestro em 1973, após o qual nunca mais foi visto, com sua suposta morte sendo confirmada em 1996.

O reconhecimento póstumo foi concedido durante um evento realizado no auditório da Associação dos Docentes da UnB, com a presença de diversos professores, estudantes, familiares de Honestino e autoridades locais e nacionais. Durante a cerimônia, foi revelada a decisão do Conselho Universitário da UnB de anular a expulsão de Honestino da instituição em 1968, antes mesmo que ele pudesse completar sua formação acadêmica em geologia.

A reitora da universidade e presidente do Conselho Universitário, Márcia Abrahão, notificou a concessão do título e explicou que todo um trabalho de pesquisa e análise foi realizado nos arquivos da UnB e no histórico escolar de Honestino Guimarães para viabilizar esse momento significativo. De acordo com Abrahão, a ação não se limita apenas à entrega de um diploma, mas também representa um compromisso da universidade com a democracia e a resistência contra períodos autoritários.

Durante o evento, vários discursos ressaltaram a importância da homenagem a Honestino, incluindo a participação de membros do Diretório Central dos Estudantes da UnB, representantes do governo federal e da Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Familiares do homenageado foram calorosamente aplaudidos pela audiência presente.

O discurso de apresentação do outorgado foi proferido pelo ex-reitor da UnB, José Geraldo de Souza Júnior, que destacou a relevância de Honestino na luta contra a ditadura militar e a defesa da democracia, dos direitos estudantis e da autonomia universitária. A concessão do diploma foi vista como um ato de justiça e reparação, além de transmitir uma mensagem clara sobre o compromisso da UnB com a justiça, a democracia e a verdade histórica.

Diversos oradores enfatizaram a importância da universidade como um espaço plural, democrático e de resistência, que não se curva diante de tentativas de negar os eventos sombrios do passado. A entrega do diploma a Honestino Guimarães é, portanto, vista como um ato simbólico de enfrentamento ao negacionismo e de reafirmação dos valores democráticos e de justiça.

Sair da versão mobile